Ex-ministro orienta aliados a manter relação histórica entre PSB e PT
Thiago Herdy
SÃO PAULO - Nas viagens que vem realizando pelo país para apresentar sua defesa e protestar contra suas condenações no processo do mensalão, o petista José Dirceu articula alianças e costura, em reuniões reservadas, os palanques estaduais do PT para as eleições de 2014. As conversas ocorrem com conhecimento de Rui Falcão, presidente do partido, e também do ex-presidente Lula, com quem Dirceu manteve encontros antes e depois das viagens. O último balanço das ações de bastidores foi passado a Lula em reunião na semana passada.
Nos encontros regionais, o ex-ministro diz respeitar uma eventual candidatura de Eduardo Campos, mas nos bastidores critica e busca minar o PSB internamente, em nome da continuidade da coligação histórica do partido com o PT nos estados. A reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) e a manutenção de alianças com os mesmos partidos que integram a base é a orientação levada aos dirigentes.
Em seu blog, Dirceu já trata Campos como ex-aliado. Há um mês publica, inclusive, notícias negativas do governador pernambucano, com menções ao aumento dos gastos com a publicidade oficial em Pernambuco em 2012 e leituras críticas de entrevistas de Campos, com ataques à eventual política externa de um governo do PSB e lembranças ao apoio do PT à sua reeleição, em 2010.
- Priorizar a reeleição da Dilma e buscar aliança com os partidos da base são as recomendações dele. Em Alagoas, o PP e o PSD estão coligados com o PSDB, mas não deixamos de manter conversas com esses partidos, que nacionalmente estão com o PT. Dirceu ouviu nosso diagnóstico e pediu para trabalharmos pela aliança com os partidos da base - disse Joaquim Brito, presidente do PT em Alagoas que participou de encontro recente com o petista em Maceió.
PT nega articulação
Em encontro com o governador Camilo Capiberibe (PSB), do Amapá, Dirceu teria ameaçado romper a aliança estadual caso Campos se candidate contra Dilma. Por isso o governador teria tornado pública, em entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo", sua resistência ao projeto do governador de Pernambuco.
Por meio de sua assessoria, o presidente do PT, Rui Falcão, disse desconhecer as articulações de Dirceu e negou que ele atuasse em nome do partido.
"Rui Falcão nunca delegou qualquer tarefa neste sentido a José Dirceu. Para o PT, Dirceu viaja apenas para fazer sua defesa em eventos públicos. As informações de que José Dirceu faz articulações políticas não são verdadeiras", informou a assessoria do petista.
Sobre se Dirceu tinha o aval para falar em seu nome e sobre a pauta dos encontros com o seu ex-chefe da Casa Civil, o ex-presidente Lula informou, por meio da assessoria, que não comentaria o assunto.
Fonte: O Globo
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