A crise e a situação em que vive a presidente Dilma deram um "freio de arrumação" no debate da sucessão
Os efeitos da crise que abate o governo federal sobre a eleição presidencial do ano que vem ainda são incertos. Um dos motivos, segundo analistas ouvidos pelo JC, é que, apesar da queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT), conforme ficou evidenciado na pesquisa Datafolha, de 29 de junho, nenhum dos pretensos concorrentes demonstrou, ainda, ter capitalizado as insatisfações que atingem a atual gestão. Na mesma pesquisa, em que as intenções de voto do senador Aécio Neves (PSDB) sobe de 14% para 17% e a do governador Eduardo Campos (PSB), de 6% para 7%, a única pré-candidata que atinge uma variação acima da margem de erro de três pontos percentuais é a ex-senador Marina Silva, que saiu de 16% para 23%.
Evolução que, no entanto, aconteceu de forma discreta. "A princípio, esse pequeno crescimento tem a ver com a ideia de ela posar como outsider da política, tentando criar um partido com um nome diferente (Rede) que remete para conceitos atuais de rede social e sustentabilidade. Mas até que ponto isso vai vingar, não dá para saber", comenta o cientista político Túlio Velho Barreto. No momento em que a legitimidade e representatividade da classe política está sendo colocada em xeque, de modo "indiscriminado", é difícil, degundo ele, prever quem conseguirá reverter esse clima de animosidade.
O que é possível prognosticar, na opinião do consultor político Gaudêncio Torquato, é que a crise atual tende, com algumas exceções, a forçar a saída de políticos não sintonizados com as demandas sociais, em 2014. "Todas as candidaturas subiram no telhado", avalia. Ele acredita, no entanto, que as candidaturas que incorporarem o sentido do "novo" devem ser beneficiadas em 2014. Além de Marina que, "à primeira vista", segundo Torquato, representa com mais força o clima de "ceticismo" com a política, Eduardo Campos pode encarnar o espírito de "novidade", embora pertença atualmente à base do governo. Por gozar de maior visibilidade e pertencer a um partido que já governou o País, no passado, o senador Aécio Neves teria mais dificuldades nesse sentido, segundo sua previsão.
Ainda que nas pesquisas o ex-presidente Lula siga despontando como "favorito", seu retorno à Presidência, como tenta pregar alguns setores do PT insatisfeitos com a condução política de Dilma, é considerado arriscado. Após sair de dois mandatos com alta popularidade, Lula correria o risco de desgastar sua imagem com mais um mandato porque, dificilmente, segundo Torquato, governaria com a mesma "facilidade" do passado. "Ele é o maior líder político que o País já teve, um ícone, mas o Brasil, hoje, é outro. Além de por em risco sua liderança, acho que não seria tão fácil para ele navegar no País de hoje", pondera. (D.D.)
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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