Segundo professor, sociedade não apoia práticas violentas
O professor de Ciência Política da Universidade de Brasília David Fleischer avaliou que os protestos ocorridos no feriado de Sete de Setembro não afetarão a popularidade da presidente Dilma Rousseff. A seu ver, diferentemente do que ocorreu durante as mobilizações que varreram o país em junho, desta vez, as forças policiais estavam mais preparadas.
— Neste fim de semana, a polícia já contava com decisões judiciais para obrigar os mascarados a se identificarem e monitorou bem as redes sociais. Mesmo assim, em Brasília foi difícil acompanhar a mobilidade dos manifestantes — disse, observando que houve uma melhora nos resultados da economia, com avanço do PIB e desaceleração da inflação. — Tudo indica que a popularidade da presidente vai continuar subindo, aos poucos.
Ações que remetem ao fascismo
Na avaliação do professor de Filosofia Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, grupos como o Black Bloc, que incitaram atos de violência nos últimos protestos pelo país, acabaram afastando muitas pessoas das manifestações públicas. Para ele, estes movimentos, cujas práticas remetem mais ao fascismo que ao anarquismo, não contam com o apoio da maioria da sociedade.
— Eles não têm nenhum respeito pela opinião dos cidadãos, sua missão é desprovida de poli-tica. E continuam mais isolados do que quando entraram (nos protestos). Efetivamente, não terão o apoio das multidões, e cumprem este papel de afastar as revindicações que viriam para a rua. Quando se tem um grupo minoritário que age desta maneira, o que se faz é contribuir para menor dose de democracia — afirmou.
O professor considera ainda que, ao impor o seu ponto de vista por meio da violência, estes grupos se aproximam de setores da Polícia Militar que não estão preparados para o diálogo e para a disciplina, mas apenas para o uso da força.
Para ele, a ação de tais grupos, que se dizem anarquistas, recorrem à violência e têm atuação internacional, é semelhante ao de setores da esquerda que adotaram a luta armada durante a ditadura militar brasileira;
— São vanguardas que não têm retaguarda; são vanguardas de ninguém. Isso me lembra muito, durante a ditadura militar, as pessoas que pegaram em armas para livrar o país do regime da época. Eles achavam que, tomando em armas, as multidões os seguiriam. Isso foi uma ilusão muito grande.
Colaborou: Gustavo Uribe
Fonte: O Globo
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