Ação busca novas provas da sociedade entre o doleiro Youssef e ex-diretor da Petrobras
No total, foram expedidos 23 mandados para serem cumpridos em São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Macaé e Niterói
Duas pessoas tiveram prisão temporária decretada e outras seis foram levadas a depor em condução coercitiva
Adriana Mendes, Cleide Carvalho, Tatiana Farah, Ramona Ordoñez e Bruno Rosa – O Globo
BRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO - A Polícia Federal cumpriu nesta sexta-feira 16 mandados de busca e apreensão, quatro de condução coercitiva, e um de prisão temporária, durante a segunda etapa da Operação Lava Jato. Os policiais apreenderam R$ 70 mil em dinheiro e diversos documentos, inclusive na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, onde foram recebidos pela presidente da estatal, Maria das Graças Foster. O material deverá ser entregue à Superintendência Regional da PF no Paraná na tarde de sábado. Falta ainda cumprir dois mandados de condução coercitiva e uma prisão temporária. A única prisão foi realizada em São Paulo. A operação tem como objetivo reunir novas provas contra Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, que seria sócio do doleiro Alberto Youssef na empresa Ecoglobal Ambiental, com sede em Macaé, no Norte Fluminense.
Segundo a Petrobras, os policiais foram recebidos pela presidente da companhia, que providenciou rapidamente a entrega da documentação. A estatal, porém, não informou do que se tratava.
Vinte e três mandados expedidos
No total, a Justiça Federal do Paraná expediu 23 mandados: dois de prisão temporária, seis de condução coercitiva e 15 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo (SP), Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ), Macaé (RJ) e Niterói (RJ).
Entre os seis conduzidos a depor está o empresário Wladimir Magalhães da Silveira, sócio majoritário da Ecoglobal. De acordo com as investigações, ele atuaria como laranja do doleiro e do ex-diretor da Petrobras no comando da Ecoglobal.
A PF investiga suspeita que os dois estão ligados a contrato de R$ 443,8 milhões firmado entre a Petrobras e a Ecoglobal em julho do ano passado. Em depoimento à PF, o empresário negou que a empresa estivesse sob o comando de Costa e Youssef.
De acordo com os documentos apreendidos pela PF, apenas dois meses depois do contrato assinado com a Petrobras foi assinada uma carta-proposta confidencial entre a Ecoglobal e emissários da dupla. Segundo o documento, por R$ 18 milhões, 75% da Ecoglobal seriam transferidos às empresas Quality, que pertenceria a Youssef, e Sunset Global Participações, que pertence a Costa e foi constituída em maio do ano passado com capital de apenas R$ 1 mil.
Ecoglobal diz que venceu licitações
Em nota, a Ecoglobal afirma "que possui contratos firmados com a Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS desde 2006, sendo que todos os instrumentos contratuais foram vencidos em processos licitatórios".
A empresa também diz que as informações sobre os procedimentos estão disponíveis para quem se "interessar".
"Finalmente informa que jamais seus proprietários e ou seus executivos tiveram qualquer tipo de ligação ou mesmo contato com os Srs Youssef e ou Paulo Roberto da Costa sendo portanto infundadas qualquer noticia que ligue a Ecoglobal a estes senhores".
A segunda etapa da operação Lava-Jato deve ajudar ainda na investigação de outros negócios de Youssef, ligados à Labogen, empresa que chegou a negociar com o Ministério da Saúde. Segundo a PF, o objetivo é buscar documentos que auxiliem os trabalhos da investigação.
"O material contribuirá para os relatórios finais dos inquéritos em andamento", diz nota da PF.
A investigação do esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolve quatro doleiros, que teriam movimentado de forma atípica aproximadamente R$ 10 bilhões nos últimos anos, conforme cálculos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), uma das bases da chamada da investigação.
Deflagrada em 17 de março pela PF, a operação prendeu 24 pessoas acusadas de participar do esquema oriundos de desvio de dinheiro público, tráfico de drogas e contrabando de pedras preciosas. Um dos presos é Enivaldo Quadrado, ex-sócio da corretora Bônus-Banval, já condenado por envolvimento no escândalo do mensalão a cumprir penas alternativas. Quadrado foi preso em Assis, no interior de São Paulo.
A Operação Lava-Jato é consequência da prisão do empresário André Santos, em dezembro de 2013, com US$ 289 mil e R$ 13.950 escondido nas meias. Santos é réu em ação na qual é acusado de fazer parte do braço financeiro de uma quadrilha de libaneses especializada em contrabandear produtos do Paraguai, operando um esquema de lavagem. Entre os presos está o doleiro Alberto Youssef, de Londrina, que foi detido em um hotel no Maranhão. Youssef foi sócio do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Na primeira etapa, 400 policiais foram destacados para cumprir as prisões e também 81 mandados de busca e apreensão em 17 cidades, em seis estados: Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Rio, além do Distrito Federal. Entre os bens apreendidos, estava um cofre repleto de cédulas de reais e dólares.
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