• Presidente diz que não ficou com a chave dos que reformou para a copa
Ezequiel Fagundes – O Globo
Em discurso para prefeitos aliados de Minas Gerais, a presidente Dilma Rousseff (PT) explorou o caso do aeroporto de Cláudio para atacar o seu adversário tucano, Aécio Neves. Acompanhada do ex-presidente Lula, Dilma criticou Aécio enquanto fazia um balanço da ação do governo na Copa do Mundo. Foi a primeira vez em que ela usou o episódio em público.
- Queria ganhar dentro e fora dos estádios. Infelizmente, não conseguimos ganhar dentro do estádio, mas ganhamos na condução da condução, na realização e no planejamento. Estou falando da Copa por um motivo. Disseminaram mentiras por aí. Disseram, por exemplo, que a Copa seria um fracasso porque os estádios só ficariam prontos em 2038. Depois, disseram que iria haver racionamento de energia. Depois, disseram que não ia ter aeroporto. Aumentamos a capacidade dos aeroportos em 67milhões, e ninguém ficou com a chave desses aeroportos - alfinetou a presidente.
A petista se referiu à denúncia de que as chaves do aeroporto de Cláudio, que recebeu R$ 14 milhões em investimentos do governo mineiro, ficavam guardadas com o ex-prefeito da cidade Múcio Guimarães Tolentino, tio de Aécio. Atualmente, a administração do espaço está sob responsabilidade da prefeitura. Durante o segundo mandato de Aécio, o terreno foi desapropriado.
O Ministério Público abriu inquérito para apurar se obra teve interesse público e se Aécio cometeu improbidade administrativa. Outra frente de investigação foi aberta pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), porque o aeroporto não foi liberado para o uso por falta de documentação. Esta semana, Aécio admitiu ter usado a pista algumas vezes.
Antes do ataque, Dilma voltou a repetir o mote da campanha petista deste ano.
- Quando o presidente Lula foi candidato pela primeira vez, criamos uma frase que é assim: a esperança vai vencer o medo. Agora, a nossa frase é diferente daquela época: a verdade tem de vencer a desinformação, tem que vencer as falsidades e o pessimismo. Nós vimos isso aqui no Brasil na Copa do Mundo - disse ela.
Na sua vez de discursar, Lula pediu para os aliados compararem os 12 anos de governo do PT com os governos anteriores. Sem citar nome de adversários e partidos políticos, o ex-presidente listou avanços na gestão petista, em especial em relação a emprego, educação, moradia e crédito.
- Temos até o dia 5 de outubro uma só tarefa. É dizer claramente o que foi feito neste país e desafiar nossos adversários a dizer o que eles fizeram. Esta eleição é quase um jogo da verdade. A gente vai ter que dizer o que queremos - afirmou.
Em momento de interação com a plateia, o ex-ministro Fernando Pimentel, candidato do PT ao governo de Minas, também explorou a construção do aeroporto de Cláudio:
- Em 12 anos de governo, me mostra, me diga uma grande obra do governo de Minas que tenha resolvido o problema. Digam uma, não precisa de duas. O aeroporto não vale - alfinetou.
Após o encontro com os prefeitos, Dilma e Lula participaram de um comício na praça em frente à catedral de Montes Claros. Cerca de oito mil pessoas eram esperadas no local ontem à noite. Além de intensificar a presença de Dilma em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país e reduto político de Aécio, os dois atos petistas serviram para lançar a campanha do empresário Josué Alencar (PMDB) na corrida pelo Senado. Filho do ex-vice-presidente José Alencar, Josué é presidente do grupo Coteminas, fundado em Montes Claros.
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