Eduardo Simões - Reuters
O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, prometeu uma reforma tributária que inclua regras de transição para garantir que os entes federativos não perderão recursos de uma hora para outra e criticou o combate à inflação no governo da presidente Dilma Rousseff.
Em entrevista à GloboNews transmitida no fim da noite de sexta-feira, o socialista disse que os governos de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma não conseguiram fazer a reforma tributária porque, segundo ele, queriam "fazer para amanhã”.
“O que é possível fazer? É fazer uma reforma com regras de transição, dar segurança de que ninguém vai perder receita corrente”, disse Campos.
“Se a gente fizer com a ideia de médio prazo com algumas medidas sendo implantadas logo, como por exemplo a cumulatividade do PIS/Cofins... tem como modular e implantar uma reforma tributária e melhorar a vida do povo brasileiro.”
O candidato também reiterou críticas à condução da política econômica no governo Dilma, especialmente no tocante ao combate à inflação e alfinetou a presidente ao dizer que o “teto da meta (da inflação) virou o centro”.
A meta de inflação do governo é de 4,5 por cento no ano, com um limite de tolerância de 2 pontos percentuais. Mas há tempos a alta de preços acumulada em 12 meses tem ficado mais próxima dos 6,5 por cento do que dos 4,5 por cento.
Ele criticou o controle de preços dos combustíveis e afirmou que “nós estamos administrando a inflação como se fazia antes do Real”. O ex-governador de Pernambuco, no entanto, não respondeu se, caso eleito, liberaria imediatamente esses preços.
Em vez disso, Campos repetiu que, após as eleições, o governo Dilma irá liberar os preços dos combustíveis e da energia, controlados artificialmente, segundo ele, para dar mais votos à presidente em outubro.
“A inflação era uma pauta vencida e ela voltou para a ordem do dia no Brasil. Quem faz compra sabe o que eu estou falando”, afirmou.
Num distante terceiro lugar nas pesquisas eleitorais, Campos voltou a bater na tecla da falta de credibilidade do atual governo.
“Nós precisamos ter uma política macroeconômica que passe segurança. A crise no Brasil, mais que de fundamentos, é uma crise de confiança na governança”, disse.
Questionado sobre promessas de campanha, o candidato citou dados de seu período à frente do governo pernambucano e disse ser possível universalizar em quatro anos a educação em tempo integral para o ensino médio, ao mesmo tempo em que avança no tempo integral para a creche e o ensino fundamental.
Ele prometeu ainda o passe livre para os estudantes das escolas públicas e beneficiários de programas educacionais do governo federal, como o ProUni e o Pronatec. A reivindicação pelo passe livre nos transportes públicos foi o estopim das grandes manifestações populares de junho de 2013.
“Ou a gente cuida da educação no sentido integral dela, ou então é só discurso”, disse.
“Velhas Raposas” e TCU
Campos, que governou Pernambuco por oito anos, repetiu que se eleito jogará para a oposição o que chamou de “velhas raposas” da política brasileira, nomeando entre elas os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), José Sarney (PMDB-AP) e Fernando Collor (PTB-AL).
O candidato disse que para governar e cumprir promessas feitas na campanha sem o apoio desses políticos usará a “energia da sociedade”, que, segundo ele, já está farta do protagonismo desses parlamentares.
“Ou você tem coragem de mudar a sustentação política, ou não vai ter mudança”, argumentou, repisando o tema central de sua campanha ao lado da ex-senadora Marina Silva, sua candidata a vice, de mudar da “velha política” para uma “nova política”.
Campos foi ministro do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu partido apoiou tanto o governo Lula como o governo Dilma em seus primeiros anos. Durante esse período, os mencionados políticos também eram aliados do governo federal.
Ao ser perguntado sobre se sua mãe, a ministra do Tribunal de Contas da União Ana Arraes, deixará o posto caso ele vença a eleição presidencial, o ex-governador de Pernambuco pareceu desconfortável.
Segundo ele, caberá à sua mãe decidir sobre o assunto, afirmando que não haveria impedimento legal para ela se manter no cargo com ele na Presidência.
Indagado se considerava adequado tal manutenção e esse questionamento inapropriado, Campos negou desconforto com a pergunta, disse que como homem público está acostumado a dar explicações, mas não foi categórico ao responder se considerava inadequado um presidente da República ter a mãe como ministra do TCU, órgão responsável, entre outras tarefas, por fiscalizar as obras do governo federal.
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