• Desencontros entre Joaquim Levy e Nelson Barbosa, justificados por problemas de saúde, provocam desconfiança
Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Não está fácil unir os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, em um mesmo evento público, o que estimulou os comentários no mercado e no governo de que os dois andam se estranhando. A explicação oficial para os desencontros dos titulares da equipe econômica é que as condições de saúde da dupla não andam das melhores. O relacionamento, juram ambos, segue muito bem, obrigado.
Na sexta-feira, Barbosa anunciou o contingenciamento de R$ 69,9 bilhões promovido pelo governo Dilma Rousseff sem Levy. A explicação: uma gripe teria abatido o titular da Fazenda e o impedido de estar ao lado do colega. Ontem, os papéis se inverteram. Enquanto Levy respondia a perguntas de jornalistas ao lado do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e via ser reafirmada pelo governo sua posição de fiador do ajuste fiscal, Barbosa era o ausente, pois estaria enfrentando dores na coluna.
Já pela manhã, a assessoria do Ministério do Planejamento avisou à imprensa em Brasília que Barbosa não participaria da abertura de um seminário internacional sobre infraestrutura nem de reunião de Dilma com ministros da área política e econômica para tratar das votações do ajuste fiscal nesta semana. A justificativa foi um "problema na lombar".
Só que essa explicação não chegou a Mercadante. Em entrevista após a reunião com Dilma, ele avisou, "para evitar especulações", que "Nelson Barbosa não veio, mas não pegou a gripe do Levy". O chefe da Casa Civil afirmou que Barbosa estava em uma convenção com investidores.
À tarde, a assessoria do Planejamento informou que o ministro foi ao médico pela manhã e, após ser medicado, decidiu despachar em seu gabinete na Esplanada. No começo da noite, Barbosa apareceu ao lado do ministro da Previdência, Carlos Gabas, para defender a necessidade de aprovação da MP 664, que altera benefícios do INSS.
Tosse. Na entrevista da manhã com Mercadante, Levy foi questionado sobre a ausência na sexta-feira e sobre desavenças com o titular do Planejamento. Negou qualquer divergência com o colega e repetiu a explicação dada por sua assessoria na semana passada e pelo próprio Barbosa. Para tentar convencer os repórteres da gravidade da gripe, Levy chegou a ensaiar uma tosse, que provocou risos na plateia.
Se a gripe de sexta-feira ainda provocava desconfianças, ontem Levy apareceu à tarde, após reunião no gabinete do vice-presidente Michel Temer, visivelmente abatido. Mesmo assim, fez questão de dizer que estava "se sentindo super energético". E ironizou: "É esse clima daqui. Esse clima de Brasília...".
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