• Grupo próximo a Michel Temer participa ativamente da retirada de Picciani, aliado do governo, da liderança do PMDB na Câmara
Adriano Ceolin, Erich Decat e Daniel Carvalho - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O vice-presidente da República, Michel Temer, avalizou a operação que retirou nesta quarta-feira, 9, da liderança do PMDB na Câmara o deputado Leonardo Picciani (RJ), aliado da presidente Dilma Rousseff e contrário ao impeachment dela. O grupo próximo ao vice participou ativamente das articulações para emplacar o deputado Leonardo Quintão (MG) como novo líder da bancada. “Isso é meio óbvio”, comentou um auxiliar de Temer ao Estado.
Apesar de dizer que não deixará de falar com Dilma, Quintão fez questão de ressaltar que “o interlocutor do PMDB junto ao governo é o vice-presidente Michel Temer”. A digital do vice na queda de Picciani ficou evidente com as assinaturas dos deputados Edinho Araújo (SP), que foi ministro dos Portos indicado por Temer, e Baleia Rossi (SP), que é presidente do diretório do PMDB paulista.
Profundo conhecedor da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, o ex-ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) também ajudou nas articulações para tirar Picciani da liderança. O ex-ministro Moreira Franco colaborou. Ambos são ligados a Temer. Além de assinar a lista a favor de Quintão, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), incentivou seus aliados a fazerem o mesmo.
Confirmado no cargo, Quintão fez uma visita a Temer no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. O encontro contou com a participação de grande parte dos 35 deputados que o apoiaram.
Na oportunidade, Temer fez uma reclamação explícita contra o ex-líder. “Em 35 anos de partido, nunca fui tão agredido e hostilizado por um peemedebista como fui por esse jovem (Picciani)”, disse o vice-presidente, segundo dois deputados que estiveram presentes no Palácio do Jaburu.
A mágoa de Temer deve-se às declarações de Picciani após a divulgação da carta que o vice enviou à presidente Dilma Rousseff. No documento, ele reclama que Dilma preferiu ter Picciani como interlocutor do partido em vez dele, Temer, e de ter acolhido em seu Ministério nomes indicados por ele. Ao comentar a queixa do vice-presidente, o então líder do PMDB afirmou que “em todo momento (da carta) Temer não defende a posição da bancada, mas dos seus aliados pessoais”.
Reação. Em resposta às divergências, nomes do PMDB do Rio de Janeiro afirmaram nesta quarta-feira que vão se unir ao Palácio do Planalto para tentar retomar o comando da bancada para Picciani. Filho do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, Marco Antonio vai deixar seu posto de secretário no governo fluminense para reassumir seu mandato na Câmara dos Deputados e, assim, assinar uma nova de lista de apoio a Picciani.
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, também não descarta voltar à Câmara para ajudar Picciani a recuperar a liderança na Casa. “É um caso a se analisar. Não descarto essa possibilidade de pronto”, disse o ministro peemedebista ao Estado.
O próprio Picciani admitiu a possibilidade de haver uma nova “guerra de listas” para que seja possível sua volta ao comando da bancada.
Mesmo com a destituição do filho, o presidente do PMDB do Rio de Janeiro, Jorge Picciani, reafirmou nesta quarta-feira apoio ao vice-presidente Michel Temer.
Negou ainda qualquer tentativa de disputa pelo comando da legenda com Temer, que é presidente nacional do PMDB. “São coisas diferentes. Eu já havia dito ao Temer que nosso sentimento é o de apoiá-lo na presidência do partido, e minha posição permanece a mesma. O PMDB do Rio deve aumentar a participação (na direção nacional do partido), mas não pretende disputar com Temer”, disse o dirigente estadual. / Colaboraram Igor Gadelha, Rachel Gamarski e Luciana Nunes Leal
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