E
mentiu para a população e a si mesmo ao contrariar suas próprias crenças
Um
ano depois, Bolsonaro descobriu que o Brasil está mergulhado numa pandemia.
Vestiu o terno, penteou o cabelo, baixou o tom de voz e por pouco mais de três
minutos controlou o autoritário que vive dentro dele e mentiu. Não que
mentir seja novidade. Mentiu para a população e para si mesmo ao contrariar
suas próprias crenças.
Um ano depois, o governo Bolsonaro vai criar um comitê para coordenar ações contra a Covid em conjunto com o Congresso e o Judiciário, e também com governadores, acusados pelo presidente de serem os culpados pela tragédia na gestão da crise. O clima parece ótimo. Nesta segunda-feira (22), o ministro do STF Marco Aurélio negou ação do presidente para derrubar as medidas de restrição de circulação adotadas por estados e municípios.
Um
ano depois, trezentas mil vidas perdidas, num daqueles raros momentos, Bolsonaro
fez o sacrifício de se solidarizar com as famílias de vítimas da Covid. Sabemos
que ele não se importa, como já deixou claro. "Todos nós vamos morrer um
dia." "Não sou coveiro." "É daí?"
Um
ano depois, Bolsonaro concluiu que o vírus é um "grande desafio".
Depois de ter dito que era uma "gripezinha", que somos um "país
de maricas", que temos que "enfrentar isso aí", que morreriam
"800 pessoas" e que o poder do vírus estava
"superdimensionado".
Um
ano depois, Bolsonaro passou a usar máscara em eventos públicos e disse que
2021 será o "ano da vacinação dos brasileiros". Vendo sua
popularidade derreter, descobriu que precisava fazer o óbvio, respeitar a
ciência. Mas estimular o isolamento e o distanciamento ele não faz. Seria
traição demais com seus apoiadores.
Um ano depois de negacionismo explícito, um país devastado por sua negligência e incompetência e o capital político comprometido, Bolsonaro viu a água bater na bunda. Como diz o meme: Galvão? Fala, Tino. Sentiu.
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