Todos
podemos praticar ações que salvam vidas e interrompem a loteria perversa da
covid-19
Estamos
no fim de março de 2021, no pior momento da crise sanitária da covid-19, com o
sistema de saúde, público e privado, em colapso em todo o Brasil. Milhares de
famílias se enlutam diariamente e os que sobrevivem temem pela incerteza de
encontrar leitos para eventual tratamento. E mesmo encontrando leito, não
encontrar as medicações básicas necessárias.
Estamos
sofrendo uma tragédia que somente pode ser mitigada quebrando o contágio
exponencial do novo coronavírus. Já deveríamos ter impedido que se chegasse a
este ponto de colapso, mas sempre há tempo para fazer a coisa certa.
Quanto
maior o número de contágios, maiores serão as possibilidades de desenvolvermos
novas variantes do vírus. O Brasil tem clima úmido e temperado, com fauna
silvestre em contato com o homem, ambiente propício ao surgimento de variantes,
como a de Manaus.
A evolução viral normalmente encontra três possíveis equilíbrios, todos com repercussões e impactos próprios. Existem vírus altamente contagiosos, porém brandos, que induzem rapidamente a imunidade de rebanho, extinguindo o surto. A maioria das gripes toma esse curso e o próprio coronavírus, originalmente, parecia ter essa característica.
Existem
também aqueles vírus, como o ebola, com elevadíssima taxa de velocidade e
mortalidade, que culminam com o pronto isolamento e morte dos infectados e
também levam rapidamente ao fim do surto.
O
terceiro grupo é o daqueles com transmissão mais lenta e efeitos mais
prolongados, que se tornam endêmicos, alastrando-se de forma sustentada, como
foi o caso do HIV-aids.
Corremos
o risco de disseminação de variantes dos três tipos de uma só vez, comprometendo
a eficiência de vacinas e de ações de controle. Esse risco precisa ser evitado
interrompendo, urgentemente, a propagação e diferenciação do vírus.
Infelizmente,
as vacinas já não representam a única solução para o Brasil, uma vez que não as
teremos em quantidade e velocidade suficientes para conter a tempo a progressão
geométrica do contágio. O que vale também para a expectativa de atingir
imunidade suficiente para que o presente surto possa extinguir-se por conta
própria.
Temos
de usar as vacinas à disposição com máxima inteligência. Temos de ir além de
segmentar por idade e com equidade entre as regiões, dando prioridade, ao
contrário, às principais comorbidades, às concentrações de idosos e ainda aos
locais com maior densidade populacional ou taxa de contágio.
Precisamos
de informações claras e precisas com relação à doença e ao seu contágio,
realizar periodicamente amplos testes, por amostragem e com questionários
suficientes para localizar com precisão os mais afetados. Precisamos conhecer a
proporção de pessoas já infectadas e onde elas se encontram, bem como o índice
de imunidade, a taxa de contágio, o índice de distanciamento, a prevalência de
comorbidades e os outros riscos.
Além
do processo ativo de testagem e pesquisa de campo, temos ainda de empregar
todos os recursos de inteligência e de utilização eficaz de grandes bases de
dados disponíveis, tanto públicas como privadas. Tudo isso para dispormos de um
quadro claro dos índices de distanciamento e de mobilidade a fim atuarmos
promovendo campanhas ativas de conscientização, imunização, testagem, rastreio
e isolamento.
A
solução definitiva é coletiva. Independe de credo, de orientação política, cor,
idade, situação de saúde e financeira ou mesmo de crença na efetividade de
medicamentos ou vacinas, o fato é que compartilhamos a mesma comunidade, os
seus espaços físicos e, especialmente, o mesmo sistema de saúde. Temos de nos
ajudar, solidariedade é a palavra.
Usar
máscaras adequadas e de forma correta é a ação fundamental para proteger a si
mesmo e ao próximo, um ato solidário e de compaixão. Precisamos de inventos e
soluções para máscaras reutilizáveis após higienização, e a baixo custo, para
que toda a população se possa proteger.
As
máscaras N95 e PFF2 são consideradas ideais, mas sabemos que duas camadas de
máscaras, sendo a interna de material equivalente à de máscaras comuns e a
externa com material que fique bem aderente ao rosto, sem orifícios, também
protegem o suficiente. E todas podem ser higienizadas e reutilizadas depois de
algum tempo. Temos de aprimorar e disseminar essa informação.
Por
fim, se você puder ficar em casa, fique. Se tiver de sair, use máscaras
adequadas e da forma mais correta possível, mantendo a higiene das mãos e sem
tocar no rosto. Se puder evitar locais cheios, evite. Se estiver em situação de
aglomeração, busque os espaços abertos e alerte as pessoas ao redor para se
distanciarem. E se isso não for possível, fique por pouco tempo.
Todos
podemos praticar estas ações que salvam vidas e interrompem o contágio exponencial
e a loteria perversa desse mal.
E
todos também podemos praticar a solidariedade pelo bem comum.
*Senador (PSDB-SP)
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