O Estado de S. Paulo.
Depois do aparelhamento do PT, os gabinetes paralelos de Bolsonaro. Quem pega em 2023?
É gabinete do ódio para fake news a favor
do presidente e contra seus críticos e adversários, gabinete das sombras para
escantear o Ministério da Saúde e massificar a cloroquina, gabinete secreto
para fatiar o Orçamento sem dizer quem, onde e para quê... Agora, o Estadão
descobre mais um: o gabinete oculto (ou do culto) no Ministério da Educação.
Como dois pastores que não têm qualquer
vínculo com a administração pública viajam em jatinhos da FAB, participam de 22
reuniões do ministério e se oferecem para “ajudar” os prefeitos? A reportagem
dos repórteres Breno Pires, Felipe Frazão e Julia Affonso revela as entranhas
do governo.
O presidente Jair Bolsonaro nem fez reunião ministerial real com pandemia, guerra, enchentes, crise na economia e fome. A que entrou para a história é a do ministro da Educação querendo prender os ministros do STF; a de Direitos Humanos, os governadores; o do Meio Ambiente sugerindo “passar a boiada” na Amazônia e reservas indígenas.
O presidente não deu um “a” sobre economia,
só ameaçou quem investigasse seus filhos, amigos e aliados. Dois dias depois, o
diretor-geral da Polícia Federal foi demitido e o ministro Sérgio Moro saiu do
governo acusando Bolsonaro de interferência política na PF.
Assim como o MEC teve três ministros e meio
e na prática não teve nenhum, a PF está no quarto diretor-geral. Bolsonaro foi
apertando o torniquete até deixá-la “no ponto”. Se havia alguma ínfima dúvida
sobre a “interferência política”, o novo diretor acaba de afastar o responsável
pelas investigações sobre ele, filhos e políticos.
E Bolsonaro se insinua nas PMs – vinculadas
aos governadores – e manipula as Forças Armadas. Vêm aí mais dois trancos. O
general Joaquim Silva e Luna está para cair por, ora, ora, agir como presidente
da Petrobras. E o descarte do general Hamilton Mourão abre a vice para o
general Braga Netto, a Defesa para o general Paulo Sérgio e o Comando do
Exército para o terceiro general em três anos e meio.
Além dos gabinetes secretos, Bolsonaro
gosta de brincar com fogo. Na PF, labaredas. Nas Forças Armadas, fogo brando,
com a tampa fechada. Ambos produzem vítimas, feridas abertas e cicatrizes. O(a)
futuro(a) presidente não vai poder se dividir entre jet ski e castanhas nos
voos da FAB, vai ter de dar duro.
O ex-presidente Lula aparelhou Petrobras,
CEF, BNDES, agências reguladoras... Bolsonaro meteu a mão na PF, Receita e
Coaf, anulou do “superministério” da Economia ao Ibama e ICMBio, destroçou a
Cultura e governa com gabinetes paralelos. E um bando de malucos ainda quer assumir
essa fogueira em 2023...
Nenhum comentário:
Postar um comentário