Folha de S. Paulo
Maior crime do ex-presidente foi sua
campanha antivacina
Osmar Terra não larga os ossos. Em abril deste ano, um mês depois de o país chegar à marca de 700 mil mortes por Covid, o deputado federal insistia em desinformar a população e fazer campanha contra a vacinação. Num tuíte compartilhado mais de 3.300 vezes e que teve mais de 10.300 comentários nos dias seguintes à publicação, o ex-ministro de Bolsonaro enganou seus seguidores ao questionar a eficácia das vacinas Astrazeneca, Janssen e Coronavac e afirmar que elas haviam sido retiradas da campanha de imunização. Tudo mentira.
O deputado, que é médico e errou (de
propósito?) todas as previsões sobre a pandemia, ainda tirou do contexto
reportagens sobre a doença, prática usual de quem vive a iludir os outros na
internet. Apontado como o parlamentar que mais publicou fake news sobre o
coronavírus, Terra, é lógico, é contra a regulação das plataformas digitais.
O plano antivacina –como a intentona
bolsonarista de 8/1– não existiria se não fosse o campo fértil que encontrou
nas redes. Ao promover sistematicamente a desinformação, Osmar Terra agiu a
serviço de Bolsonaro. Da mesma maneira que age agora para desacreditar o PL
2630.
Surpresos com a operação da Polícia Federal
que investiga a inserção de dados
falsos sobre vacinação de Covid no sistema do Ministério da Saúde,
aliados do ex-presidente arrumaram uma desculpa para livrar a cara do chefe.
Atribuíram a ação da PF a uma retaliação diante das dificuldades do governo em
aprovar o PL. Eles acertaram no que não viram (ou não querem ver): a
investigação está ligada à raiz do bolsonarismo –fingir, enganar, trapacear– e,
portanto, tem a ver com a votação do projeto.
Não há novidade no fato de Bolsonaro
–investigado por uma penca de crimes– ter mandado fraudar o cartão de vacina. O
capitão fez pior no auge da pandemia. "Tem que deixar de ser um país de
maricas" –lembram-se? Hoje ele chora na TV.
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