Norma Moura /Viviane Monteiro
Brasília
DEU NO JORNAL DO BRASIL
PSB quer reforçar candidatura do polêmico deputado
Poucos ousam falar abertamente, mas a sucessão presidencial virou motivo de preocupação entre os políticos. A notícia da doença da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, não expôs apenas a existência do câncer que ela terá de combater, mas também a fragilidade do plano de sucessão do PT.
A revelação da doença da ministra-chefe da Casa Civil desmonta uma estratégia política traçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sucessão presidencial ano que vem. O PT nega a existência de um plano B e mantém a ideia de que ela é a pré-candidata. Cientistas políticos afirmam que o partido não teria nomes com densidade eleitoral igual ao de Dilma, caso a ministra seja obrigada a desistir da candidatura em razão do tratamento do linfoma – um câncer nos gânglios linfáticos. O que pode favorecer a candidatura do ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE). Mas o PSB teria de trabalhar para emplacar a candidatura dele, tido como um homem intempestivo. Analistas ouvidos pelo JB acreditam que sua candidatura seria inviável como plano B.
– Para o presidente Lula conseguir um nome com densidade política igual ao de Dilma Rousseff, ele teria que começar tudo do zero (para construir um outro candidato) – avalia o cientista político Geraldo Tadeu, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Esse cenário foi lembrado também pelo deputado Júlio Delgado (MG), um dos expoentes do PSB.
– O PT trabalhou muito em cima do nome de Dilma e não previu um plano B – avalia Delgado. – Se a candidatura de Dilma não se confirmar, eles terão que escolher alguém da base aliada.
O senador Renato Casagrande (PSB-ES) pondera que ainda é prematuro falar em mudanças no cenário político, mas confessa que, caso ocorra, a desistência de Dilma pode colocar Ciro como uma alternativa do PT para a sucessão.
– Temos de trabalhar com o cenário da ministra sendo candidata, mesmo com um alto grau de imponderabilidade. Mas a proposta do PSB continua a mesma, a de colocar Ciro como uma candidatura viável. Ou o PT sai com um nome deles ou é o Ciro – defende Casagrande.
Destempero
Apesar do PSB apostar no nome de Ciro, há consenso entre os cientistas políticos de que a nomeação do parlamentar não vingaria pelo fato de ele ter um quadro emocional desenfreado, por não ter papas na língua, o que chamaram de "destemperado". Ciro chegou a dizer palavrões na semana passada, ao explodir diante de uma pergunta sobre a farra de passagens: "Ministério Público é o c... Não tenho medo de ninguém. Da imprensa, de deputados (...) Pode escrever o c... aí", esbravejou.
Por essa razão, especialistas acreditam que o cearense teria dificuldades para angariar apoio político. Pelo fato de não haver nomes fortes no PT para suceder o presidente Lula, a cientista política Lúcia Hippólito, do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj), até acredita na volta da discussão de "um terceiro mandato presidencial" dentro do PT.
– As conversas sobre o terceiro mandato podem voltar, pois em um momento de crise financeira mundial, as pessoas podem se questionar se não seria melhor continuar com o presidente Lula na Presidência – avalia a cientista. – A Dilma é, por enquanto, a escolha do presidente Lula. E ela é a única alternativa. Hoje o PT não tem um plano B – complementa.
O diretor do Centro de Pesquisas e Analises de Comunicação (CEPAC), o cientista político Rubens Figueiredo, trabalha com duas possibilidades neste novo quadro político:
– O eleitor pode analisar que a ministra não teria condições de ser eleita, por causa da doença. Ou a ministra pode sair vitoriosa dessa situação, ao superar todos os tratamentos de quimioterapia e sair como uma mulher guerreira que enfrentou um problema desse e por isso seria capaz de enfrentar a situação do país.
Com opinião semelhante, Geraldo Tadeu avalia que a superação da doença pela ministra pode, por um ponto de vista, humanizá-la perante a sociedade, já que ela é vista como uma pessoa técnica.
– Tudo vai depender de como a ministra vai reagir à doença.
Brasília
DEU NO JORNAL DO BRASIL
PSB quer reforçar candidatura do polêmico deputado
Poucos ousam falar abertamente, mas a sucessão presidencial virou motivo de preocupação entre os políticos. A notícia da doença da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, não expôs apenas a existência do câncer que ela terá de combater, mas também a fragilidade do plano de sucessão do PT.
A revelação da doença da ministra-chefe da Casa Civil desmonta uma estratégia política traçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sucessão presidencial ano que vem. O PT nega a existência de um plano B e mantém a ideia de que ela é a pré-candidata. Cientistas políticos afirmam que o partido não teria nomes com densidade eleitoral igual ao de Dilma, caso a ministra seja obrigada a desistir da candidatura em razão do tratamento do linfoma – um câncer nos gânglios linfáticos. O que pode favorecer a candidatura do ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE). Mas o PSB teria de trabalhar para emplacar a candidatura dele, tido como um homem intempestivo. Analistas ouvidos pelo JB acreditam que sua candidatura seria inviável como plano B.
– Para o presidente Lula conseguir um nome com densidade política igual ao de Dilma Rousseff, ele teria que começar tudo do zero (para construir um outro candidato) – avalia o cientista político Geraldo Tadeu, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Esse cenário foi lembrado também pelo deputado Júlio Delgado (MG), um dos expoentes do PSB.
– O PT trabalhou muito em cima do nome de Dilma e não previu um plano B – avalia Delgado. – Se a candidatura de Dilma não se confirmar, eles terão que escolher alguém da base aliada.
O senador Renato Casagrande (PSB-ES) pondera que ainda é prematuro falar em mudanças no cenário político, mas confessa que, caso ocorra, a desistência de Dilma pode colocar Ciro como uma alternativa do PT para a sucessão.
– Temos de trabalhar com o cenário da ministra sendo candidata, mesmo com um alto grau de imponderabilidade. Mas a proposta do PSB continua a mesma, a de colocar Ciro como uma candidatura viável. Ou o PT sai com um nome deles ou é o Ciro – defende Casagrande.
Destempero
Apesar do PSB apostar no nome de Ciro, há consenso entre os cientistas políticos de que a nomeação do parlamentar não vingaria pelo fato de ele ter um quadro emocional desenfreado, por não ter papas na língua, o que chamaram de "destemperado". Ciro chegou a dizer palavrões na semana passada, ao explodir diante de uma pergunta sobre a farra de passagens: "Ministério Público é o c... Não tenho medo de ninguém. Da imprensa, de deputados (...) Pode escrever o c... aí", esbravejou.
Por essa razão, especialistas acreditam que o cearense teria dificuldades para angariar apoio político. Pelo fato de não haver nomes fortes no PT para suceder o presidente Lula, a cientista política Lúcia Hippólito, do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj), até acredita na volta da discussão de "um terceiro mandato presidencial" dentro do PT.
– As conversas sobre o terceiro mandato podem voltar, pois em um momento de crise financeira mundial, as pessoas podem se questionar se não seria melhor continuar com o presidente Lula na Presidência – avalia a cientista. – A Dilma é, por enquanto, a escolha do presidente Lula. E ela é a única alternativa. Hoje o PT não tem um plano B – complementa.
O diretor do Centro de Pesquisas e Analises de Comunicação (CEPAC), o cientista político Rubens Figueiredo, trabalha com duas possibilidades neste novo quadro político:
– O eleitor pode analisar que a ministra não teria condições de ser eleita, por causa da doença. Ou a ministra pode sair vitoriosa dessa situação, ao superar todos os tratamentos de quimioterapia e sair como uma mulher guerreira que enfrentou um problema desse e por isso seria capaz de enfrentar a situação do país.
Com opinião semelhante, Geraldo Tadeu avalia que a superação da doença pela ministra pode, por um ponto de vista, humanizá-la perante a sociedade, já que ela é vista como uma pessoa técnica.
– Tudo vai depender de como a ministra vai reagir à doença.
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