Senador tucano elogia Serra, mas concorda com FH sobre renovação
Maria Lima
SÃO PAULO - Ausente de toda a campanha do correligionário José Serra na
disputa com o prefeito eleito Fernando Haddad, o senador Aécio Neves (PSDB-SP)
desembarcou ontem na capital paulista para visitar o presidente do PSDB,
deputado Sérgio Guerra (PE). Aécio não quis dar conotação política ao encontro,
mas nas primeiras análises após eleições, rebateu a interpretação do
ex-presidente Lula de que o PSDB foi dizimado nas regiões Sul e Sudeste.
Lembrou que é os tucanos governam Minas Gerais, São Paulo e Paraná, o que
representa quase 50% do eleitorado dessa região, além de vitórias, em Pelotas e
Blumenau, contra candidatos do PT.
Segundo Aécio, com exceção da capital São Paulo, entre as 50 maiores cidades
com mais de 200 mil habitantes, no segundo turno, a oposição (PPS,DEM, PSOL e
PSDB) cresceu de 10 para 25 cidades; e o PT caiu de 22 para 16:
- Acho que o ex-presidente Lula não teve tempo de analisar os resultados
dessa eleição. Houve uma dispersão muito grande de forças e o PSDB tem os
governos de Minas, São Paulo e Paraná, nas regiões Sul e Sudeste. Que outro
partido tem uma posição tão sólida nessa região quanto o PSDB? O PT caminha a
uma grande velocidade para os grotões, perdendo nas 85 médias e grandes cidades
- disse Aécio.
Sérgio Guerra permaneceu com a família em São Paulo após receber alta do
hospital Sirio-Libanês na última quinta-feira. Ele se recupera da retirada de
um tumor na base da cabeça, atrás do pescoço, ainda sem diagnóstico sobre
malignidade ou não.
Como na campanha, quando fez campanha para o candidato do PSB Jonas
Donizetti em Campinas, mas não em São Paulo, Aécio foi ontem à capital mas não
se encontrou com Serra. Mas reconheceu que ele se sacrificou pelo partido ao
aceitar a candidatura.
Os aecistas rejeitam a possibilidade de Serra ser acomodado na presidência
do partido. Acham que isso não pode ser um prêmio de consolação, o que só
complicaria o processo de articulação para 2014, quando o senador mineiro
deverá ser indicado para disputar a Presidência da República.
- O Serra vai ter sempre um papel importante no partido. Mas ele, como eu,
sabe que só temos uma chance de que nosso projeto alternativo de poder saia
vitorioso em 2014: que o partido esteja unido. Sobre a presidência do PSDB,
esse assunto não está na pauta. Mesmo porque Sérgio Guerra está no pleno
exercício do mandato - disse Aécio.
Sobre a avaliação de Lula - de que o PSB está crescendo e tomando o espaço
da oposição - Aécio demonstrou tranquilidade. Disse que o PSDB tem um aliança
natural com o PSB, e que cabe ao PT se preocupar com o crescimentos dos
socialistas nas eleições:
-Essa é uma leitura que pode ser feita de forma invertida. O PSB participou de
muitas campanhas vitoriosas ao nosso lado, derrotando candidatos do PT. Nós do
PSDB vemos com simpatia o crescimento do PSB, enquanto o PT vê como ameaça ao
seu crescimento hegemônico - disse Aécio.
"Amigo e companheiro Serra"
Aécio admitiu que Serra fez um sacrifício ao aceitar disputar a prefeitura
de São Paulo, a pedido do partido. E disse que isso precisar ser reconhecido:
-Lamentavelmente, meu amigo e companheiro Serra não conquistou a vitória,
obteve quase três milhões de votos, grande homem, com grande experiência.
Todavia nossa luta por um Brasil justo, humano e honesto continua - disse.
Aécio, porém, apoiou a declaração do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, de que o PSDB precisa se renovar:
-O PSDB já vem fazendo isso. O Daniel, em Recife, teve um desempenho
extraordinário. Crescemos com novas lideranças também em Belém, Teresina e com
o nosso líder Bruno Araújo, na Câmara. Tivemos bons resultados nessa eleição
com o perfil de novas lideranças - disse.
Fonte:
O Globo
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