terça-feira, 30 de outubro de 2012

Aécio minimiza derrota de Serra


Aécio Neves minimizou ontem, em entrevista ao Estado , o impacto para o PSDB da derrota de José Serra em São Paulo. “Essa eleição não teve um grande derrotado”

'Derrota de Serra não diminui papel do PSDB'

O senador e presidenciável afirma que a influência de Lula e Dilma nas eleições já não existe como se imaginava

Julia Duailibi

Para o presidenciável do PSDB, senador Aécio Neves (MG), o resultado dessa eleição mostrou que a influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff "não existe mais do modo que a gente imaginava". Aécio, no entanto, minimiza o impacto para o PSDB da derrota de José Serra em São Paulo: "Essa foi uma candidatura que nunca foi simples, nunca foi fácil".

O tucano destaca o desempenho do PSDB no Norte e Nordeste e tece elogios à aliança com o PSB. Aécio vê um "antagonismo" entre PT e PSB nas cidades onde disputaram eleição, que não deve ser superado em 2014. Leia abaixo a entrevista.

Qual avaliação o sr. faz da derrota do PSDB em São Paulo?

Numa eleição em que 50 cidades estavam em jogo, não dá para avaliar uma. É uma derrota que tem repercussão, mas ressalto que Serra foi candidato porque o partido quis que fosse, para fazer justiça a ele. Serra não brigou para ser candidato. É claro que não foi bom perder, mas, no geral, nessa eleição não teve um grande derrotado. No nosso caso, nos saímos de forma muito vigorosa no Nordeste e no Norte, de onde havíamos sido dizimados nas últimas eleições.

O PSDB precisa se renovar?

Há figuras novas que já surgiram: o Eduardo (Leite), que ganhou em Pelotas, o menino de Blumenau (Napoleão Bernardes), Firmino (Filho, em Teresina), Maceió (com Rui Palmeira). Tem uma geração nova se afirmando.

O partido errou ao não arriscar um nome novo em São Paulo?

O momento em que o Serra resolveu ser candidato ele fez por um apelo do partido. E parecia a candidatura mais sólida. Enfim, perdeu. Ele vai ser uma figura que terá sempre um papel importante nas decisões do PSDB. Isso (a derrota) não diminui o papel do PSDB. Essa foi uma candidatura que nunca foi simples, nunca foi fácil.

O desempenho do PSDB em Estados importantes, como São Paulo, ficou abaixo do esperado.

Nas últimas eleições presidenciais, ganhamos nos três Estados do Sul e do Centro-oeste. No Sudeste, nenhum outro partido tem uma situação mais sólida que o PSDB, com o governo de Minas e o de São Paulo. O PSDB, em relação a um cenário de seis, oito meses atrás, teve resultado muito além do que a gente poderia imaginar.

Há setores do PSDB paulista que defendem uma aliança em 2014 com o PSB, de Eduardo Campos (PE), na cabeça de chapa em troca do apoio à reeleição do governador Geraldo Alckmin.

O PSDB é a única força de oposição para se apresentar como uma alternativa. Problema quem tem hoje é o governo, para manter a base unida. Vamos apresentar um projeto alternativo e atrair ao longo do caminho forças que estão hoje com o governo. As alianças que fizemos com o PSB, que brinquei que votei mais 40 que 45, criam lógicas locais. Pega Campinas, Fortaleza, a cidade se divide em dois grupos. Então, amanhã, é difícil que os grupos se aliem. Vai todo mundo para uma candidatura do PT? É difícil. Fizemos alianças importantes com o PSB, e, mesmo que amanhã o PSB esteja com o PT, e hoje é o caminho mais natural, nessas praças vai haver sempre um antagonismo, com tendência do eleitorado que não é PT ficar com outra alternativa. A eleição do ACM Neto (Salvador), do Arthur Virgílio (Manaus), pelo fato de Lula ter ido, de Dilma ter ido muito agressiva, mostra que essa influência, do modo como a gente achava que existia, não existe mais. Tem um País aberto para uma proposta nova.

O PSDB deve definir logo o presidenciável. Serra é um nome?

Não tem que antecipar. Ninguém é candidato dois anos antes de uma eleição. Acho que o momento é a virada de 2014.

Qual espaço Serra terá?

Não sei nem se ele pretende objetivamente algo. Ele vai ser sempre uma figura central no PSDB. Não dá para desprezar os votos que ele teve. Não dá para desprezar o que representa, mesmo que tenha perdido a eleição.

O sr. acha que ele pode ocupar a presidência do PSDB?

Não pensei nisso. Nem sei se ele quer isso.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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