"Vamos colocar
o PSB à disposição do País"
Entrevista - Eduardo Campos
Assim como fez ao final do primeiro turno, o governador e presidente
nacional do PSB, Eduardo Campos, concedeu entrevista coletiva ontem para
comentar o resultado das eleições municipais. O socialista voltou a destacar o
desempenho de seu partido, que venceu em seis dos sete municípios onde disputou
o segundo turno, e governará cinco capitais a partir de 2013. Também falou da
relação com a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Abaixo, os
principais pontos da entrevista.
Resultado
Vamos pegar os indicadores. O PSB cresceu 42% no número de prefeitos
eleitos, enquanto o segundo maior crescimento foi do PT, com 14%. Todos os
demais partidos tiveram queda. Quando vamos para o número de pessoas que moram
nas cidades que os partidos governam, nós crescemos 101%, enquanto o segundo
colocado, que foi o PT, cresceu 36%. Além disso, o partido que mais governa
capitais é o PSB, com cinco, enquanto PT e PSDB ficaram empatados, com quatro cada.
Mas um indicador extremamente importante é que chegamos ao índice de reeleição
de 72%, quando a média dos outros partidos fica na faixa de 50%. Claro que
tivemos candidatos que foram à reeleição e perderam. Aí cabe a cada diretório
municipal avaliar o que houve e o que precisa ser corrigido. Nossa orientação
para os que perderam é esfriarem a cabeça, fazerem uma análise, uma
autocrítica, para voltarem a vencer no futuro.
Futuro
Quem ganha a eleição ganha também responsabilidades, e é preciso saber usar a
vitória e a força política para fazer aquilo que interessa ao País. Queremos
que essa força política que o PSB adquiriu nesta eleição seja colocada à
disposição do País para as boas causas. O próximo passo é cuidar de ajudar os
que ganharam em 442 municípios em nome do PSB para que possamos prepará-los
para fazerem o melhor a partir de janeiro. Faremos um seminário nacional nesta
quarta-feira, onde basicamente teremos uma análise de conjuntura, para que os
prefeitos tenham ideia de como será o primeiro ano das administrações, os
passos para uma boa gestão, as experiências que deram certo.
Dilma
Nós temos uma relação de grande respeito e muita consideração com a
presidente Dilma. Estamos na base de sustentação do seu governo, ajudamos no
processo eleitoral porque vimos nela qualidades para ser presidente da
República. No processo, é um direito de cada um de dizer o que acha da relação
que temos com Dilma, que continua a ser uma relação de companheiros. Conversei
com ela (Eduardo interrompeu a entrevista para atender um telefonema de Dilma,
que durou cerca de 15 minutos), falamos sobre vários assuntos administrativos e
ficamos de ter uma conversa nos próximos dias.
Aliado
Se fizer um levantamento, nos principais embates vividos pelo governo
federal o PSB sempre esteve ao lado das posições de Dilma. Estamos olhando para
a frente. É nossa responsabilidade ajudar nesse momento. Já tem muita gente
para criar problemas para a presidente Dilma. Nós queremos ajudá-la a criar
soluções e a tocar a pauta que interessa à população nesse momento.
Divergências
O Comitê Estadual de Estiagem foi criado a pedido da própria presidente
Dilma. Fizemos uma reunião, que produziu um documento encaminhado para o Comitê
Nacional, e foi por solicitação da própria presidente que encaminhássemos a ela
as notícias sobre o andamento da questão de estiagem. Por isso remetemos uma
cópia daquele relatório, que segue normalmente para o Comitê Nacional, para a
presidente, em função do agravamento da seca que a Imprensa vem noticiando. No
que tange à questão da energia, é claro que não é natural que se leve 3h40 para
religar um sistema em tantos Estados quando ele cai. O fato de haver um apagão
tem que ser apurado por quem tem espertise e responsabilidade legal para isso.
PT-PSB
No primeiro turno, o PSB foi o partido que mais apoiou o PT. Claro que o que
é notícia é onde o PSB não está com o PT. No segundo turno, das 17 cidades em
que o PT esteve disputando, o PSB apoiou em onze. Onde não estávamos juntos, em
regra, era porque estávamos disputando contra eles e obtivemos vitórias.
Vencemos em Porto Velho, Cuiabá, Fortaleza, Campinas e Petrópolis (nesta
última, o PT apoiou o candidato do PMDB). Só em Caxias é que o PT nos apoiava
desde o primeiro turno.
Câmara
Normalmente, a direção do partido não interfere nesse debate, que é próprio
do Legislativo. E pelo que sei, ainda não foi iniciado.
Lula
Conversei sábado com o ex-presidente Lula (PT), e ele recordava o quanto foi
importante a decisão do PSB de apoiar Fernando Haddad (PT) desde o primeiro
momento em São Paulo. Acho que cada um fala o que deseja falar. Falaram muito
sobre a relação de Lula comigo, está cheio de notícias nesses últimos 100 dias.
O mais importante é o fato. E o fato é outro, é que uma relação de tantos anos,
que passou por momentos tão duros e momentos tão bonitos da vida política
brasileira nos últimos 20 anos ou mais, não vai ficar ao sabor do
disse-me-disse de quem se interessa por intrigar as pessoas. O ex-presidente
Lula tem uma extraordinária experiência de vida e muita maturidade, eu também
tenho alguma, para sabermos colocar cada coisa no seu lugar. Fiquei muito feliz
de poder cumprimentá-lo pelo seu aniversário (no sábado), como faço todos os
anos, por poder conversar com ele, na véspera de um dia feliz, ganhando uma
eleição que ele se esforçou muito para ganhar, e por PSB ter tido a
oportunidade de ajudar para que essa vitória acontecesse. Todos vamos torcer
muito para que Haddad faça um grande governo.
2014
É muito cedo para sabermos qual será a conjuntura que se viverá em 2014.
Será preciso a gente viver para ver. É muito cedo para saber qual será o
cenário, como o Brasil vai estar, o que vai acontecer. Para o Brasil, para o
governo da presidente Dilma, quanto mais a gente deixar 2014 para 2014 será
melhor para que a gente possa conseguir um diálogo nacional. Há uma série de
pontos que são estratégicos para o Brasil estar bem em 2014. Quanto mais a
gente antecipar as disputas, com certeza a gente vai acumular dificuldades num
cenário que já tem dificuldades que não dependem apenas de nós. Essa conjuntura
internacional é algo bastante complexo, e a gente precisa compreender de
maneira muito aguda o que está acontecendo no mundo para tomar as decisões aqui
sobre qual será o caminho do País.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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