terça-feira, 30 de outubro de 2012

Eduardo promete colocar PSB à disposição do País


"Vamos colocar o PSB à disposição do País"

Entrevista - Eduardo Campos

Assim como fez ao final do primeiro turno, o governador e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, concedeu entrevista coletiva ontem para comentar o resultado das eleições municipais. O socialista voltou a destacar o desempenho de seu partido, que venceu em seis dos sete municípios onde disputou o segundo turno, e governará cinco capitais a partir de 2013. Também falou da relação com a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Abaixo, os principais pontos da entrevista.

Resultado

Vamos pegar os indicadores. O PSB cresceu 42% no número de prefeitos eleitos, enquanto o segundo maior crescimento foi do PT, com 14%. Todos os demais partidos tiveram queda. Quando vamos para o número de pessoas que moram nas cidades que os partidos governam, nós crescemos 101%, enquanto o segundo colocado, que foi o PT, cresceu 36%. Além disso, o partido que mais governa capitais é o PSB, com cinco, enquanto PT e PSDB ficaram empatados, com quatro cada. Mas um indicador extremamente importante é que chegamos ao índice de reeleição de 72%, quando a média dos outros partidos fica na faixa de 50%. Claro que tivemos candidatos que foram à reeleição e perderam. Aí cabe a cada diretório municipal avaliar o que houve e o que precisa ser corrigido. Nossa orientação para os que perderam é esfriarem a cabeça, fazerem uma análise, uma autocrítica, para voltarem a vencer no futuro.

Futuro

Quem ganha a eleição ganha também responsabilidades, e é preciso saber usar a vitória e a força política para fazer aquilo que interessa ao País. Queremos que essa força política que o PSB adquiriu nesta eleição seja colocada à disposição do País para as boas causas. O próximo passo é cuidar de ajudar os que ganharam em 442 municípios em nome do PSB para que possamos prepará-los para fazerem o melhor a partir de janeiro. Faremos um seminário nacional nesta quarta-feira, onde basicamente teremos uma análise de conjuntura, para que os prefeitos tenham ideia de como será o primeiro ano das administrações, os passos para uma boa gestão, as experiências que deram certo.

Dilma

Nós temos uma relação de grande respeito e muita consideração com a presidente Dilma. Estamos na base de sustentação do seu governo, ajudamos no processo eleitoral porque vimos nela qualidades para ser presidente da República. No processo, é um direito de cada um de dizer o que acha da relação que temos com Dilma, que continua a ser uma relação de companheiros. Conversei com ela (Eduardo interrompeu a entrevista para atender um telefonema de Dilma, que durou cerca de 15 minutos), falamos sobre vários assuntos administrativos e ficamos de ter uma conversa nos próximos dias.

Aliado

Se fizer um levantamento, nos principais embates vividos pelo governo federal o PSB sempre esteve ao lado das posições de Dilma. Estamos olhando para a frente. É nossa responsabilidade ajudar nesse momento. Já tem muita gente para criar problemas para a presidente Dilma. Nós queremos ajudá-la a criar soluções e a tocar a pauta que interessa à população nesse momento.

Divergências

O Comitê Estadual de Estiagem foi criado a pedido da própria presidente Dilma. Fizemos uma reunião, que produziu um documento encaminhado para o Comitê Nacional, e foi por solicitação da própria presidente que encaminhássemos a ela as notícias sobre o andamento da questão de estiagem. Por isso remetemos uma cópia daquele relatório, que segue normalmente para o Comitê Nacional, para a presidente, em função do agravamento da seca que a Imprensa vem noticiando. No que tange à questão da energia, é claro que não é natural que se leve 3h40 para religar um sistema em tantos Estados quando ele cai. O fato de haver um apagão tem que ser apurado por quem tem espertise e responsabilidade legal para isso.

PT-PSB

No primeiro turno, o PSB foi o partido que mais apoiou o PT. Claro que o que é notícia é onde o PSB não está com o PT. No segundo turno, das 17 cidades em que o PT esteve disputando, o PSB apoiou em onze. Onde não estávamos juntos, em regra, era porque estávamos disputando contra eles e obtivemos vitórias. Vencemos em Porto Velho, Cuiabá, Fortaleza, Campinas e Petrópolis (nesta última, o PT apoiou o candidato do PMDB). Só em Caxias é que o PT nos apoiava desde o primeiro turno.

Câmara

Normalmente, a direção do partido não interfere nesse debate, que é próprio do Legislativo. E pelo que sei, ainda não foi iniciado.

Lula

Conversei sábado com o ex-presidente Lula (PT), e ele recordava o quanto foi importante a decisão do PSB de apoiar Fernando Haddad (PT) desde o primeiro momento em São Paulo. Acho que cada um fala o que deseja falar. Falaram muito sobre a relação de Lula comigo, está cheio de notícias nesses últimos 100 dias. O mais importante é o fato. E o fato é outro, é que uma relação de tantos anos, que passou por momentos tão duros e momentos tão bonitos da vida política brasileira nos últimos 20 anos ou mais, não vai ficar ao sabor do disse-me-disse de quem se interessa por intrigar as pessoas. O ex-presidente Lula tem uma extraordinária experiência de vida e muita maturidade, eu também tenho alguma, para sabermos colocar cada coisa no seu lugar. Fiquei muito feliz de poder cumprimentá-lo pelo seu aniversário (no sábado), como faço todos os anos, por poder conversar com ele, na véspera de um dia feliz, ganhando uma eleição que ele se esforçou muito para ganhar, e por PSB ter tido a oportunidade de ajudar para que essa vitória acontecesse. Todos vamos torcer muito para que Haddad faça um grande governo.

2014

É muito cedo para sabermos qual será a conjuntura que se viverá em 2014. Será preciso a gente viver para ver. É muito cedo para saber qual será o cenário, como o Brasil vai estar, o que vai acontecer. Para o Brasil, para o governo da presidente Dilma, quanto mais a gente deixar 2014 para 2014 será melhor para que a gente possa conseguir um diálogo nacional. Há uma série de pontos que são estratégicos para o Brasil estar bem em 2014. Quanto mais a gente antecipar as disputas, com certeza a gente vai acumular dificuldades num cenário que já tem dificuldades que não dependem apenas de nós. Essa conjuntura internacional é algo bastante complexo, e a gente precisa compreender de maneira muito aguda o que está acontecendo no mundo para tomar as decisões aqui sobre qual será o caminho do País.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

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