• Renan adverte que posição da legenda pode aumentar crise
Simone Iglesias, Júnia Gama, Isabel Braga e Cristiane Jungblut – O Globo
BRASÍLIA - Em convenção amanhã, o PMDB decidirá que o compromisso do partido é com o país, não com o governo. A nova linha de conduta deve liberar os parlamentares para votarem contra o Planalto. - BRASÍLIA- Documento que será aprovado durante a convenção nacional do PMDB, amanhã, dirá que o compromisso do partido é com o país, e não com o governo. Ainda sendo finalizado pelos principais líderes, entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros ( AL); os senadores Romero Jucá ( RR), Jader Barbalho ( PA) e Eunício Oliveira ( CE); o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, e o ex- ministro Eliseu Padilha, o texto sinalizará um afastamento ainda maior da presidente Dilma Rousseff, sem ataques ou críticas diretas e sem citar o impeachment.
Renan destacou que o PMDB deve ter muita responsabilidade na convenção, porque o posicionamento do partido pode “aumentar ou diminuir” a crise política. Renan deflagrou uma maratona de conversas nas últimas 48 horas. Ele se reuniu com o ex- presidente Lula na quarta- feira pela manhã e, à noite, conversou com Dilma. Depois, participou de jantar com a cúpula do PSDB.
— Vamos continuar conversando com o PSDB e com outros partidos. E conversei bastante com a presidente Dilma. Mais do que nunca, é hora de construir uma convergência em torno do interesse nacional. Mais do que nunca, é hora de pensarmos no Brasil, no consenso, no equilíbrio, na serenidade. Acho que dessa forma vamos construir saídas — defendeu Renan.
O caminho do partido, porém, é o de liberar seus quadros para definirem seus votos no Congresso de acordo com suas convicções pessoais e regionais, o partido não entrega seus cargos, mas desembarca do governo, declarando independência em relação ao Planalto.
— Nosso compromisso é primeiro com as ruas; em segundo lugar, com o Judiciário; e, em terceiro lugar, com o Congresso. A independência congressual sinaliza de forma clara o afastamento do governo — disse um integrante da cúpula partidária.
O vice-presidente Michel Temer será reconduzido à presidência do PMDB por aclamação, com o apoio de todos os estados, inclusive do Rio de Janeiro, que ensaiou uma dissidência, mas recompôs com o vice. Os cariocas, que serviram nos últimos meses como base de sustentação da presidente Dilma, ao lado de Renan, têm demonstrado pouca disposição em defendê-la. Reservadamente, peemedebistas do Rio já acreditam que o governo está com prazo de validade contado e que é mais importante trabalhar para unir o PMDB, principal alternativa de poder no caso de afastamento de Dilma.
Temer já começou a dar seus recados no sentido de que o afastamento do governo não terá volta. Na quarta- feira, afirmou ao ministro Jaques Wagner ( Casa Civil) que o PMDB dará um passo no sentido de se distanciar do governo, mas que ainda não sabe o grau deste distanciamento. O aviso foi dado após Wagner procurar o vice, no Palácio do Jaburu, para perguntar sobre a possibilidade de rompimento do PMDB com o governo. Um apelo pela manutenção da aliança foi feito por Dilma a Renan, antes do jantar do PMDB com o PSDB.
— Com as novas denúncias e o agravamento da crise, esse grupo que quer o rompimento com o governo hoje é majoritário e ostensivo. O partido quer um afastamento, só não se sabe ainda em que nível isto se dará — disse Temer a Wagner, segundo um auxiliar.
Em mais uma demonstração de que o caminho de afastamento é sem volta, o PMDB começou a negociar saídas para o Brasil com a cúpula do PSDB.
— Há um consenso entre nós, e esse consenso não é da classe política, é da sociedade brasileira, são dos empresários, são das organizações sociais independentes, de que com a presidente Dilma o Brasil não reencontrará o caminho da retomada do crescimento, da diminuição do desemprego, enfim, do início de um novo ciclo — disse Aécio.
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