- O Estado de S. Paulo
Ontem à noite surgiu uma proposta que pode vir a ser a saída para o PMDB, na convenção de amanhã, não precipitar um rompimento com o governo federal, fazer o vice-presidente Michel Temer sentar-se no trono do "pacificador" e ao mesmo tempo sinalizar que o desembarque é inevitável diante da evidência de que não há mais como a presidente Dilma Rousseff se sustentar no cargo.
O afastamento dela, inclusive, foi a preliminar imposta pelo PSDB na reunião de quarta-feira à noite entre cúpulas. Partindo do sentimento consensual de que o "governo acabou", o PMDB amanhã aprovaria uma moção de unidade em torno de Michel Temer e daria um prazo de 30 dias para o Diretório Nacional se manifestar sobre a ruptura.
A sugestão é do ex-ministro Geddel Vieira Lima e será discutida durante o dia de hoje com a direção do PMDB. Embora seja franca e definitivamente favorável ao rompimento, Geddel considera que é hora de o partido atuar com racionalidade e estratégia. Por essa visão, o momento não seria de aplicar força, mas de demonstrar habilidade. Uma decisão amanhã, por mais que tivesse respaldo da maioria, ainda seria uma posição de parte e não do PMDB como um todo.
Ao se manifestar pela unidade em torno do presidente da legenda e primeiro na linha de sucessão, o partido estaria dando o recado de que se Michel Temer foi capaz de unir "um saco de gatos" como o PMDB, teria capacidade de unificar o País em torno de uma solução para a crise. A transferência da decisão para o Diretório Nacional daria tempo aos acontecimentos a fim de convencer os mais renitentes em abandonar os cargos e de maneira subliminar sinalizaria a ruptura, pois a ala oposicionista tem maioria no Diretório.
Além disso, atenderia a uma questão burocrática: no edital de convocação da convenção a pauta é a eleição de nova diretoria. Qualquer decisão em relação ao governo poderia ser contestada.
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