Folha de S. Paulo
A Folha decidiu, corretamente, descontinuar, por este ano, a atividade de seus colunistas que tenham pretensão eleitoral. É o meu caso: sou pré-candidata pelo Podemos, no Ceará, a deputada federal. Assim, escrevo este 85° artigo para despedir-me provisoriamente.
Quando fui convidada a assumir esse pequeno e precioso espaço semanal surpreendi-me. Minha visão destoa da linha editorial deste ilustre jornal. Por isso mesmo foi grande o mérito da Folha em ter mantido essa coluna apesar da forte pressão da patrulha que pedia a minha cabeça em uma bandeja a cada artigo mais polêmico. Esse jornal teve comigo postura impecável: jamais fui pressionada ou sequer sugestionada a modificar uma linha do que pretendia escrever, por mais duro que fosse o texto.
Agradeço, pois, à Folha e também aos meus leitores. Abraço carinhosamente os que me elogiaram ou que, mesmo criticando, trataram-me com respeito. Os que me xingaram —e foram muitos— prestaram-me, por sua vez, grande serviço, mantendo minha coluna frequentemente entre as mais comentadas. Não lhes posso querer mal.
O quadro do Brasil neste ano eleitoral é difícil: de um lado, o presidente que, além de ter traído todas as boas bandeiras que sustentaram sua eleição, atrapalha diuturnamente com suas idiossincrasias malévolas o combate à pandemia. Do outro lado, o ex-presidente que abusou do poder para corromper a democracia (mensalão), esteve no centro do maior escândalo de corrupção da história (petrolão), apoiou, justificou e financiou ditaduras amigas com o nosso dinheiro e promete, caso eleito, dessa vez não falhar em estabelecer a censura (coisa que chama eufemisticamente de "controle da mídia" e que seus esbirros na imprensa apelidaram de "democratização dos meios de comunicação").
Há quem resista a essas duas alternativas nefastas. Esta coluna sempre se colocou abertamente do lado dessas forças de resistência. Minha pré-candidatura fará o mesmo. Até breve.
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