Folha de S. Paulo
Fugir do trabalho, descumprir as leis e
destruir a Amazônia
Em 25 de janeiro de 2012 Bolsonaro estava
fazendo a segunda coisa de que mais gosta na vida: fugir do trabalho. Deputado
federal do baixíssimo clero, que nem em seus sonhos mais delirantes aspirava
chegar à Presidência da República, ele pescava
dentro da Estação Ecológica de Tamoios, entre Angra dos Reis e
Paraty, descumprindo a lei —a primeira coisa de que mais gosta na vida— que
proíbe anzol e isca no local.
Bolsonaro tentou dar uma carteirada, dizendo que tinha uma autorização especial
para estar ali, mas não colou. José Olímpio Augusto Morelli, engenheiro
agrônomo especialista em direito ambiental e servidor do Ibama havia 17 anos,
nem sequer conhecia o deputado. Fez seu trabalho. Autuou e multou o infrator
—fotografado dentro de um bote inflável com varas de pescar— em R$ 10 mil.
Em 2018, a multa foi anulada; no ano
seguinte o presidente mandou
exonerar Morelli,
num ato mesquinho de vingança. Não eram as primeiras desforras à fiscalização.
Em 2013, Bolsonaro apresentou à Câmara projeto de lei que previa desarmar os
fiscais do Ibama em ações de campo —logo ele, para quem facilitar ao cidadão a
compra de um fuzil é sinônimo de liberdade e democracia e cujo governo é
parceiro da indústria armamentista. Como tudo o mais em sua atividade
parlamentar, a proposta foi arquivada.
Não surpreende a postura
repugnante do capitão ao comentar os assassinatos do indianista
Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, justificando a execução e pensando
com a cabeça dos criminosos. Bolsonaro iguala-se a eles no arrepio das
políticas ambientais. É mais um Pelado da floresta. A diferença é que usa uma
faixa presidencial no peito.
O infrator de Angra continua a desrespeitar as leis, mas agora em escala
gigante. Ao perseguir, desarmar e desmantelar a Funai, entrega a Amazônia à
ilegalidade de garimpeiros, grileiros, traficantes de madeira, ouro, animais e
drogas. Os mandantes do duplo homicídio.
Um comentário:
Lembro bem desse episódio,ali já demonstra a pequenez do presidente.
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