Prefeito chega a 52%, e Freixo, a 14%; Maia, Otavio e Aspásia têm pequena variação
Cristina Tardáguila
Com um horário eleitoral de 16 minutos de duração, tecnicamente bem feito, e uma superexposição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas inserções que vêm salpicando a programação de TV desde o dia 21, o prefeito Eduardo Paes, candidato à reeleição pelo PMDB, conseguiu capturar um terço dos eleitores indecisos e subiu cinco pontos percentuais nas últimas três semanas.
Segundo pesquisa do Ibope divulgada ontem pela TV Globo - a terceira da corrida eleitoral carioca e a primeira desde o início do programa eleitoral obrigatório de rádio e TV -, Paes tem 52% das intenções de voto e está 38 pontos percentuais à frente de Marcelo Freixo. O candidato do PSOL oscilou dois pontos para cima e se mantém em segundo, com 14% das menções.
Os demais candidatos também oscilaram dentro da margem de erro da pesquisa, que é de três pontos percentuais para cima ou para baixo. Rodrigo Maia, do DEM, foi de 5% para 3%. Otavio Leite, do PSDB, passou de 3% para 2%, e Aspásia Camargo, do PV, de 1% para 2%. Cyro Garcia (PSTU), Antônio Carlos (PCO) e Fernando Siqueira (PPL) não pontuaram no levantamento, que ouviu 1.001 eleitores entre os dias 2 e 4 deste mês e foi registrado no TRE sob o número 00074/2012.
- Esse resultado mostra o que já era esperado: que a mistura de um horário eleitoral longo e bem produzido com 29 inserções de um minuto feitas pelo Lula para o Paes na TV tem dado muito certo - afirma o cientista político Marcus Figueiredo, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp/Uerj). - Ao olharmos o total de indecisos, vemos que ele caiu de 15% para 10%, e esses cinco pontos migraram para quem? Para o prefeito.
Prefeito ainda não falou de copa e olimpíadas
Desde o início do horário eleitoral, Figueiredo coordena uma pesquisa no Doxa, laboratório do Iesp, sobre todas as inserções feitas na programação diária de TV pelos cinco principais candidatos à prefeitura do Rio. Tem todas elas gravadas numa sala em Botafogo e já constatou alguns pontos que merecem destaque.
Paes aposta todas as fichas no apoio de Lula, dando-lhe 29 minutos de TV em sete dias - quase todo o tempo de inserção de Freixo. Também investe naquilo que os cientistas políticos da Uerj vêm classificando como "inserções emotivas", aquelas que falam sobre o possível "bem-estar" no Rio após os quase quatro anos da administração Paes.
- Mas há um fato curioso: o prefeito ainda não usou nenhuma das 284 inserções analisadas para falar da Copa do Mundo ou dos Jogos Olímpicos - destaca o pesquisador Felipe Borba, membro da equipe de Figueiredo. - Isso nos surpreendeu.
No levantamento do Iesp, Rodrigo Maia aparece como o candidato que mais ataca. Mas também é o que tem menos apoio público. Das 147 inserções do DEM no Rio, entre os dias 21 de agosto e 3 de setembro (período coberto pelo estudo), 61 foram críticas diretas a Paes ou a sua administração, citando-os explicitamente.
- Ele, no entanto, é o único entre os cinco principais que não leva às inserções membros do partido ou pessoas conhecidas na cidade. Nem o pai (Cesar Maia) - destaca Borba. - Eduardo Paes tem Lula. Otavio Leite deu 15 inserções para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e 15 para o senador Aécio Neves. Freixo dá os segundos finais de cada inserção do PSOL para celebridades como o ator Wagner Moura e o cantor Chico Buarque, e Aspásia, apesar de não citar nominalmente nem contar com o apoio declarado dela, mostrou imagens da ex-ministra Marina Silva em 28 das 61 inserções que fez. Só Rodrigo Maia aparece sozinho.
Na pesquisa do Ibope divulgada ontem, o candidato do DEM é o nome de maior rejeição, com 36% das menções. Em seguida, vêm Paes, com 21%, e Aspásia, com 18%. Leite foi citado por 13% dos entrevistados e Freixo, por 11%.
Sobre o caminho que o horário eleitoral deve tomar nos próximos dias, os cientistas políticos da Uerj fazem uma previsão: os ataques devem vir à tona e aumentar.
- A tendência é que todos os candidatos, fora Freixo, partam para o tiroteio por terem muito pouco a perder - explica Figueiredo. - Deve vir muito chute de canela por aí para tentar provocar o segundo turno.
Segundo Figueiredo, Freixo ainda tem chances de provocar o segundo turno. Deveria, na avaliação dele, explorar mais na TV a imagem da ex-senadora Heloisa Helena e tentar conquistar o apoio da ex-ministra Marina Silva, que, até o momento, está em dúvida entre apoiar a ex-companheira de partido Aspásia ou o candidato do PSOL.
Nas eleições presidenciais de 2006, Heloisa Helena teve 17% dos votos válidos no município do Rio. Em 2010, Marina Silva teve 31% e ficou em segundo lugar, à frente de José Serra.
- As duas são ótimos cabos eleitorais na cidade. Isso já ficou comprovado. Outra opção é investir nos eleitores que estão com Maia e Leite, mas querem o segundo turno.
FONTE: O GLOBO
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