Por Ricardo Mendonça | Valor Econômico
SÃO PAULO - Em palestra para investidores realizada ontem em São Paulo, o presidente da República, Michel Temer, criticou de forma indireta a ex-presidente Dilma Rousseff, de quem era vice, defendeu as reformas que estão sendo levadas por seu governo ao Congresso e afirmou que tais propostas têm preocupação popular. "Não estamos preocupados com medidas populistas. Queremos medidas populares", disse.
Temer falou durante cerca de 30 minutos no Latin America Investment Conference, evento organizado pelo Credit Suisse, que continua hoje.
Sem mencionar o nome de Dilma, Temer começou dizendo que sua gestão "herdou" uma "crise de proporção inéditas" no país, mas que conseguiu colocar o Brasil "no rumo certo".
O presidente destacou que, sob sua gestão, o governo federal passou a ouvir mais o Congresso Nacional e a propor medidas. "Demos sentido de lucidez [ao governo]", destacou.
Durante a maior parte de sua fala, Temer deu ênfase ao aspecto fiscal, o que explica "a origem" da "nossa crise", disse. Ele chamou de "revolucionária" a emenda constitucional proposta e aprovada sob sua gestão que estabelece um teto de gastos públicos para os próximos 20 anos.
Negou que a emenda do teto representará diminuição de investimentos em saúde e educação. Mas ressalvou que a medida "não estará completa" sem a reforma da Previdência, cuja proposta foi enviada no ano passado à Câmara dos Deputados.
Na defesa da reforma, Temer citou que hoje há 16 milhões de idosos no país, total que deverá chegar a 58 milhões em 2060. Sem as alterações que está propondo, disse, há o risco de não existir recursos para aposentadorias no futuro. "É por isso que propomos uma reforma verdadeira", completou, lembrando que "nossa idade de aposentadoria é relativamente baixa, abaixo dos 60 anos".
Na proposta enviada pelo governo, a idade mínima para aposentadoria sobe para 65 anos, tanto para homens como para mulheres. Embora não tenha feito referência a ele próprio, Temer é frequentemente citado como exemplo de aposentadoria precoce. Ele se aposentou com 55 anos de idade como procurador do Estado de São Paulo. Hoje, tem 76 anos.
O presidente também destacou a importância da reforma trabalhista, cujo projeto de lei foi enviado à Câmara na véspera do Natal. Readequar as leis trabalhistas, disse, é "peça-chave" para o país avançar. Ele falou na necessidade de prevalência de acordos entre patrões e empregados em detrimento da legislação. Segundo Temer, as pessoas querem hoje o que ele chamou de "democracia da eficiência".
Ele encerrou sua participação falando sobre a política externa de seu governo, voltada para atrair investimentos. Citou que receberá em breve uma visita do presidente da Argentina, Mauricio Macri, com quem pretende "incrementar" as relações.
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