Ex-ministro quer pacto com os candidatos da
terceira via
Por Isadora Peron e Marcelo Ribeiro / Valor
Econômico
BRASÍLIA - Lideranças do Podemos começaram
a preparar a pré-candidatura de Sergio Moro à Presidência da República. O mais
provável é que o lançamento ocorra no dia 10 de novembro, quando está marcada
uma cerimônia em Brasília para filiar o ex-juiz da Lava-Jato à sigla. Antes
tratada com parcimônia, a disposição do ex-ministro da Justiça do governo Jair
Bolsonaro de entrar na disputa e encarnar o papel da terceira via passou a ser
abordada de maneira direta por integrantes da legenda.
Moro desembarca no Brasil hoje, depois de
uma temporada nos Estados Unidos, com o objetivo de colocar de pé a sua
candidatura ao Palácio do Planalto. Isso, no entanto, não será feito a qualquer
custo. Como ainda falta algum tempo até a eleição, a ideia do ex-ministro é
fazer um “pacto” com os demais candidatos da terceira via.
Esse acordo passaria até mesmo pela
possibilidade de ele abrir mão da cabeça de chapa com o objetivo de fortalecer
o nome que tivesse mais chance de quebrar a polarização entre o presidente Jair
Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Moro tem conversado
sobre o assunto com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o
ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que deve se filiar ao novo União
Brasil.
Também do Paraná, o senador Oriovisto Guimarães (Podemos) tem sido um dos principais interlocutores do ex-ministro. Segundo ele, Moro tem mantido contado com diferentes atores, inclusive da área econômica. O parlamentar evita falar sobre o perfil do vice da futura chapa - e diz que isso, além de ser uma escolha do candidato, só será definido mais para frente. Outros aliados de Moro, no entanto, ponderam que o ideal seria um nome da política tradicional, para quebrar a resistência que o segmento tem do ex-juiz da Lava-Jato.
Outra preocupação do Podemos é que Moro não
pode ser visto como um candidato de bandeira única - o combate à corrupção - e
que precisará começar a falar de outros temas, especialmente de economia. Para
Oriovisto, sobre esses assuntos ele sequer precisaria falar, porque todo mundo
já sabe, por exemplo, que o ex-ministro é a favor da prisão após a condenação à
segunda instância.
Internamente, a avaliação de lideranças da
legenda é que, hoje, Moro é o nome que mais tem condições de tirar Bolsonaro do
segundo turno. Caso ele consiga superar o atual presidente, a aposta é que o
ex-juiz atraia o apoio de toda a direita, além dos votos do eleitorado
lavajatista e antipetista.
Neste primeiro momento, além de eventos do
novo partido, Moro também vai rodar o Brasil para lançar o seu livro, que traz
bastidores da Lava-Jato e da sua passagem pelo governo Bolsonaro. Ele vai
passar por Curitiba, Rio e São Paulo e Recife.
A obra, batizada de “Contra o sistema de
corrupção”, chega às livrarias no início de dezembro. Depois de 22 anos como
juiz federal, Moro deixou a carreira em novembro de 2018 para assumir o
Ministério da Justiça e Segurança Pública. A passagem pela política, porém, foi
mais curta do que o planejado, e ele deixou o governo em abril de 2020,
acusando Bolsonaro de interferir na Polícia Federal para blindar amigos e
familiares de investigações.
Procurado pelo Valor, Moro não se pronunciou
até o fechamento desta edição.
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