Folha de S. Paulo
Faria bem ao PT se reaproximar da
ex-presidenciável nesta eleição
Uma das melhores notícias da política
brasileira recente
é a reaproximação de Marina Silva e da Rede Sustentabilidade com o PT em São
Paulo. Os petistas precisam se engajar nesse processo, a começar por Lula.
Lula e o PT foram vítimas de muitas
sacanagens nos últimos anos. Em outros momentos, o PT entrou em brigas em que
tanto ele quanto seus adversários tiveram culpa. Na briga com Marina Silva, é
diferente: a culpa foi do PT.
A
campanha de 2014 foi muito feia, e, o que é pior, foi mentira: todas
aquelas baixarias eram para acusar Marina de planejar um duríssimo ajuste
econômico. Dilma ganhou e fez um duríssimo ajuste econômico.
Não me interpretem mal, entendo perfeitamente que política é um esporte de contato. Político triste com o outro não entra no top 100 dos piores problemas do mundo.
Mesmo assim, será bom para o Partido dos
Trabalhadores voltar a ouvir Marina Silva. Mesmo que não dê voto. Fará bem à
alma do partido.
Marina Silva teve uma belíssima história no
PT. Veio da Teologia da Libertação, lutou com os
seringueiros do Acre, lutou como oposição sindical no sindicato dos
professores, foi do PT quando o partido não tinha um centavo para campanhas
eleitorais.
Por outro lado, um dos maiores méritos do
PT ao longo de sua história foi ter formado e lançado políticos como Marina
Silva, que jamais teriam tido chance nos partidos tradicionais.
Perguntem para petistas raiz como Tarso
Genro ou Patrus Ananias o que eles acham de Marina Silva. O respeito é
grande.
Marina Silva é, simplesmente, a maior
liderança ambiental da história da política brasileira. A queda do desmatamento
na Amazônia quando Marina
foi ministra de Lula é tão impressionante quanto a queda dos índices
de pobreza no mesmo período.
O Brasil era outra coisa, meu amigo. De vez
em quando, você ouvia o William Bonner falando "foram divulgados hoje
números..." e o que vinha depois era boa notícia.
Além disso, os ataques a Marina Silva foram
sintomas de um momento em que o
PT partiu para a agressividade porque não sabia mais o que fazer no
governo.
O superciclo das commodities tinha passado,
a Nova Matriz Econômica tinha dado errado, os protestos de 2013 tinham deixado
o partido desorientado, as alianças estavam desmoronando. O PT tinha perdido o
rumo.
Aproximar-se
de Marina Silva seria uma boa forma de mostrar que o partido quer
retomar a conversa do ponto em que ela parou de ser racional.
Algum leitor petista pode protestar: Ok, a
campanha de 2014 foi ruim, mas depois disso Marina nos fez oposição
sistematicamente. Filho, entre os aliados de que Lula precisa para vencer a
eleição e, sobretudo, governar a partir de 2023, Marina Silva não está no top
1.000 dos que mais fizeram oposição ao PT.
E muito poucos entre os outros aliados
brigaram ao
lado de Chico Mendes, militaram em sindicato e colocaram no currículo do PT
o melhor histórico de combate ao desmatamento da Amazônia na história
brasileira.
Para ser honesto, olhando aqui para a cara
de alguns aliados, se me contarem que eles sobrevoaram a Amazônia pelados
jogando napalm e panfletos "Bolsonaro 2018", eu não duvido.
Na semana passada, a Folha informou que
os aliados
de Marina gostariam que Lula ligasse para sua ex-ministra para
conversar. Se eu fosse ele, ligaria. Mesmo que ninguém pedisse.
Um comentário:
Marina é fundamental,a melhor política que temos,mesmo sendo crente.
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