Toni Sciarretta e Dimitri Do Valle
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
O governo admitiu ontem pela primeira vez que a economia brasileira pode ter um crescimento nulo em 2009. "Acredito que fechamos o ano em torno de 0 a 2% positivos", disse o ministro Guido Mantega (Fazenda). Para o ministro, o país saiu do fundo do poço. A declaração contrasta tanto com o discurso de crescimento de integrantes do governo como com a expectativa oficial de avanço de 2% do PIB.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
O governo admitiu ontem pela primeira vez que a economia brasileira pode ter um crescimento nulo em 2009. "Acredito que fechamos o ano em torno de 0 a 2% positivos", disse o ministro Guido Mantega (Fazenda). Para o ministro, o país saiu do fundo do poço. A declaração contrasta tanto com o discurso de crescimento de integrantes do governo como com a expectativa oficial de avanço de 2% do PIB.
Mantega admite crescimento zero em 2009
Governo trabalha com previsão de alta de 2%, parâmetro utilizado para projetar arrecadação e liberar gastos públicos
Consultorias veem recessão técnica com dados do 1º tri; para Lula, economia vive recuperação "extraordinária" e sairá rapidamente da crise
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu ontem pela primeira vez que a economia brasileira pode ter crescimento zero em 2009.
Depois de ponderar que "já saímos do fundo do poço" e que "o ano é de muita volatilidade", dificultando previsões, Mantega afirmou: "O primeiro trimestre foi péssimo. O segundo será de retomada, com o PIB acelerando. Não muito, mas vai subir. O terceiro vem ainda mais forte, e o quarto fechamos com uma alta muito boa. Acredito que fechamos o ano em torno de 0 a 2% positivos".
O governo vinha mantendo o discurso de crescimento mesmo com os efeitos da crise internacional, que no Brasil atingiu com mais força a indústria, apesar de a maioria dos analistas de mercado e de órgãos internacionais prever retração.
O mercado financeiro estima retração de 0,44% no PIB, enquanto o FMI prevê queda de 1,3%, e a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), de 1%.
Oficialmente, o governo ainda trabalha com previsão de alta de 2% do PIB, que serve como parâmetro para projeções da arrecadação e de contingenciamento de recursos públicos.No início da semana, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) afirmou que o governo pode rever sua meta de crescimento. A meta do governo está acima até da previsão de alta de 1,2% do Banco Central.
Para Mantega, mesmo que o país tenha crescimento zero neste ano, ainda será uma exceção.
"Temos de lembrar que a maioria dos países vai fechar com 4% negativos", disse.Para o ministro, o ritmo de recuperação vai depender ainda do efeito das medidas de estímulo adotadas. Mantega disse que o crescimento de 0,3% na vendas do varejo em março indica que "talvez a retração que houve nos meses anteriores tenha terminado". O ministro disse que consultou diversas redes varejistas e que acredita que o setor se recuperou.
Para a consultoria LCA, a redução do PIB do primeiro trimestre deve chegar a 1,5% em relação ao último trimestre de 2008. Será a segunda retração seguida, o que configura recessão técnica. Na opinião do economista-chefe da LCA, Bráulio Borges, a maior dúvida hoje decorre da retomada ainda lenta da atividade industrial. Para o ano, a consultoria prevê crescimento de 0,7% no PIB.
Na avaliação da MB Associados, o PIB deve ter recuado 1,3% no primeiro trimestre em relação ao período anterior. "Provavelmente o segundo trimestre não deve ter um resultado tão ruim. Mas temos que lembrar que a crise ainda não acabou", disse o economista Sergio Vale. No ano, a MB vê expansão de 0,5%.
Lula
Em Florianópolis, onde participou de encontro internacional do setor de turismo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "o pior da crise já aconteceu no Brasil". Para ele, desde março a economia vem dando sinais de recuperação.
"Não é o momento ainda de termos otimismo, mas acredito que o Brasil vai sair mais rápido dessa crise." Lula classificou a recuperação da economia de "extraordinária". Disse ainda que medidas governamentais, como a desoneração em alguns setores, contribuíram para a retomada da expansão.
Para a consultoria LCA, a redução do PIB do primeiro trimestre deve chegar a 1,5% em relação ao último trimestre de 2008. Será a segunda retração seguida, o que configura recessão técnica. Na opinião do economista-chefe da LCA, Bráulio Borges, a maior dúvida hoje decorre da retomada ainda lenta da atividade industrial. Para o ano, a consultoria prevê crescimento de 0,7% no PIB.
Na avaliação da MB Associados, o PIB deve ter recuado 1,3% no primeiro trimestre em relação ao período anterior. "Provavelmente o segundo trimestre não deve ter um resultado tão ruim. Mas temos que lembrar que a crise ainda não acabou", disse o economista Sergio Vale. No ano, a MB vê expansão de 0,5%.
Lula
Em Florianópolis, onde participou de encontro internacional do setor de turismo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "o pior da crise já aconteceu no Brasil". Para ele, desde março a economia vem dando sinais de recuperação.
"Não é o momento ainda de termos otimismo, mas acredito que o Brasil vai sair mais rápido dessa crise." Lula classificou a recuperação da economia de "extraordinária". Disse ainda que medidas governamentais, como a desoneração em alguns setores, contribuíram para a retomada da expansão.
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