Partido reivindica espaços em governos de São Paulo e Minas para poder apagar "mágoas profundas"
Maria Lima
BRASÍLIA - Não são só os partidos da base que estão usando 2014 para se cacifar junto ao governo da presidente Dilma Rousseff e aumentar seu espaço na máquina pública. A desunião da oposição, que fez encontro esta semana em Brasília para tentar um rumo unificado para 2014, também tem alimentado a barganha por cargos públicos em troca de apoios. Certos de que, sem a tradicional parceria do PSDB com o DEM - antes PFL, e que existe desde a primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1994 - o pré-candidato tucano à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG), fica muito enfraquecido, líderes do DEM estão cobrando aumento de participação no segundo escalão dos governos do PSDB nos estados.
Alegam que, no momento, existem outras alternativas viáveis ao PT, como a pré-candidatura do presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos. E, justamente por isso e para evitar uma debandada da tradicional aliança, precisam de mais cargos e prestígio nos governos tucanos de Geraldo Alckmin, em São Paulo, e de Antonio Anastasia, em Minas Gerais, além de outras localidades estratégicas. Esse movimento do DEM ocorre ao mesmo tempo em que o PSB de Eduardo Campos investe em seus políticos e nos do PPS - outro braço da histórica coligação tucana.
Porta-voz dos descontentes, o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), já teve uma conversa franca com Aécio Neves esta semana. Relatou que, para segurar sua tropa e apagar "mágoas profundas" que ficaram da longa e desgastada relação entre os dois partidos, é preciso agora reacomodar nomes da legenda nos governos tucanos.
Agripino citou como "mágoas recentes" os embates nas eleições municipais de 2012, especialmente em Fortaleza (CE) e Recife (PE), onde o DEM começou a disputa com candidatos competitivos, mas não contou com apoio do PSDB, mesmo não tendo os tucanos candidato forte, no caso cearense. Alegou que muita gente está querendo buscar alternativas para 2014 fora do PSDB, não só porque apareceu a alternativa Eduardo Campos, mas também porque é incerta a unidade do PSDB em torno da candidatura Aécio Neves.
Para "segurar essa aliança e domar as feras no DEM", e dar ao tucano o tempo de TV do partido, Agripino diz que precisa fortalecer sua legenda em São Paulo e Minas, para eleger uma boa bancada de deputados em 2014 - o partido foi o que mais sangrou ano passado com a debandada de deputados para o novo PSD.
- Dentro do partido há grandes divisões e grandes mágoas. Para dobrá-los, é preciso gestões do PSDB que me deem condições de dizer que há opções e caminhos de conveniências e de reaproximação - disse Agripino, após conversa com o mineiro, quando ainda não estava certo de que poderia garantir a aliança.
Fonte: O Globo
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