Dilma se dedica a cuidar da economia e de se recuperar perante o eleitorado, enquanto o que a base aliada deseja é que a presidente cuide do futuro de seus deputados e senadores. Daí, o descompasso
A iminente apreciação dos vetos presidenciais pelo Congresso paira como um fantasma sobre o Planalto e o governo como um todo, mas está longe de ser a principal preocupação da presidente Dilma Rousseff nesse início de semana. O que mais atrapalha o sono presidencial é a economia, em especial, a alta do dólar. Até aqui nada foi suficiente para segurar a moeda americana. E, se continuar assim, vem inflação, que atualmente está em queda, crescimento difícil e, esses fatores, invariavelmente, levariam ao que mais atordoa o brasileiro de um modo geral: o desemprego.
Todas as ações daqui para frente serão no sentido de evitar que esses fantasmas assombrem ainda mais a população. Hoje, a presidente Dilma deve se reunir com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e também deve conversar com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para acertar os ponteiros no sentido de tentar segurar a alta do dólar — o país felizmente tem reservas para isso — e evitar que declarações de um atrapalhem o trabalho do outro como ocorreu na semana passada, quando a Fazenda praticamente atropelou o BC.
Paralelamente ao câmbio, vêm os últimos acordes no sentido de elaborar o Orçamento do ano que vem, ao qual a presidente também dedicará audiências e tempo. O texto será entregue ao Congresso em 12 dias. O maior desafio é cavar recursos capazes de garantir investimentos públicos no ano eleitoral. Não por acaso, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, fez diversas reuniões com integrantes do setor privado na última semana, a fim de tentar convencê-los a depositar suas esperanças e recursos no Brasil.
Hoje, os gastos permanentes do setor público impedem que o governo vá com muita sede ao pote das obras. Só na Previdência Social, onde, justiça seja feita, há a contribuição de patrões e empregados, superou há mais de dois anos a marca dos R$ 300 bilhões e não há perspectiva de queda e sim de aumento, por conta do envelhecimento da população. Os salários e o Bolsa Família também representam um capitulo, pois a eles se destinam grande parte do Orçamento público. Ou seja, para a realização de obras não resta aos petistas outra saída, a não ser concedê-las ao setor privado, e trabalhar um discurso para afastar o tema da campanha presidencial. Afinal, há um senso comum no PT de que, se o partido conseguir concluir as obras, elas deixam de ficar no foco do debate.
Enquanto isso, na política...
Com tantos problemas econômicos, entretanto, a conversa de Dilma com o presidente do Senado, Renan Calheiros, mostra-se imprescindível. No governo, há quem diga que é preciso segurar grande parte dos vetos, especialmente, no sentido de evitar que derrotas afetem ainda mais o humor do mercado e a economia como um todo.
O Planalto anda meio atordoado com toda a rebeldia da base, uma vez que nem a liberação das emendas individuais surte efeito sobre a ampla maioria que se diz governista. O governo parece não perceber que grande parte daqueles que o apoia disputará eleições no ano que vem e o objetivo agora é jogar as cartas que garantam a sobrevivência na urna, em 2014. Ninguém jogara contra si. Um exemplo é o veto da hereditariedade dos taxistas, que embora tenha ares de inconstitucionalidade, os congressistas insistem porque sabem que a categoria dá votos. É esse o grande jogo do momento. Ou Dilma entende que é hora de ajudar a alavancar os seus, ou novas derrotas virão.
E nas ruas e no STF...
O brasileiro de um modo geral estará mesmo é cuidando da própria vida, mas atento aos jovens que saem às ruas para quebra-quebra em meio a manifestações pacíficas. E também às brigas entre ministros do Supremo Tribunal Federal. Esse estica e puxa entre as excelências do Judiciário cansou.
Fonte: Correio Braziliense
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