• Segundo interlocutores, ex-presidente tem dito que a derrota do governo na Câmara deve se repetir no Senado
Ricardo Galhardo e Elizabeth Lopes - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Em seu primeiro pronunciamento público após a aprovação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo plenário da Câmara, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em encontro com representantes de partidos de esquerda de outros países que a presidente não foi julgada pelos crimes de responsabilidade, mas por uma “quadrilha legislativa” que impõe uma “pauta caótica ao País em parceria com a grande imprensa” com o objetivo de tirar o PT do poder.
“Houve um pelotão de fuzilamento composto pelo que há de mais repugnante na política”, afirmou Lula.
Segundo interlocutores, o ex-presidente tem dito que a derrota do governo na Câmara deve se repetir no Senado. Embora reiterem publicamente o discurso de que vão lutar até o último instante, Lula e o PT já se preparam para fazer oposição ao eventual governo Michel Temer (PMDB).
“Aqui no Brasil vai ter muita luta. Esperem que viveremos momentos de combate democrático”, disse o ex-presidente.
Um principais pontos da estratégia petista é aproveitar a reaproximação do PT com movimentos sociais para tentar deslegitimar Temer nas ruas. Ontem, sem citar o nome do vice, Lula voltou a atacar o peemedebista. “Aqui no Brasil o vice-presidente é constitucionalista, é advogado, e ele sabe que a Dilma não cometeu nenhum crime que lhe permite fazer o impeachment”, afirmou.
Outro ponto da estratégia é diferenciar Lula de Dilma. Ontem o ex-presidente marcou as diferenças em relação à sucessora ao dizer que houve “erros de condução” na economia.
Internacional. Um terceiro ponto estratégico do PT é atuar no campo internacional. Ontem, o ex-presidente se esforçou para falar a cerca de 2o representantes de partidos da América Latina, Europa, África, Ásia e Oceania que integram a Aliança Progressista: “Peço que levem aos seus países a mensagem de que a sociedade brasileira vai resistir”.
Participaram do evento representantes de partidos importantes da Europa como o Partido Social Democrata (SPD) da Alemanha, o Partido Trabalhista da Holanda (PvdA) e o Partido Democrático da Itália, representado pelo ex-primeiro-ministro Massimo D’Alema.
O ex-presidente, que teve um câncer na laringe em 2011, estava com a voz fraca e chegou a pedir para que Luiz Dulci, diretor do Instituto Lula, lesse seu discurso. Segundo dirigentes do PT, Lula voltou a tomar medicamentos e a fazer sessões de fonoaudiologia. Embora tenha sido aconselhado a falar pouco, Lula discursou durante aproximadamente meia hora.
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