• Líderes do partido dizem que ministro da Justiça cumpriu seu papel; reservadamente, porém, tucanos se queixam do estilo do correligionário
Ricardo Brito, Daiene Cardoso e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Líderes do PSDB deram nesta terça-feira, 25, respaldo ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que tem sido alvo de críticas feitas pelos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e de outros parlamentares após a ação da Polícia Federal que na sexta-feira, 21, prendeu quatro policiais legislativos do Senado. Os servidores foram presos sob a suspeita de tentar embaraçar as investigações da Operação Lava Jato.
Moraes é ligado ao governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, de quem foi secretário de Segurança Pública no Estado, e tem apoio de parte das bancadas do partido na Câmara e no Senado.
Apesar do respaldo oficial, tucanos criticaram a ação da PF no Senado. “Achei a operação agressiva. Podiam ter dialogado e teriam o mesmo resultado. Acho desnecessário tensionar. Eu não me intimido”, disse o senador José Aníbal (PSDB-SP).
Em caráter reservado, líderes tucanos mostraram insatisfação com o estilo de Moraes. Parlamentares do PSDB dizem que ele deveria ser mais discreto e evitar declarações polêmicas.
Após anunciar que vai ao Supremo Tribunal Federal para contestar a operação da PF, subordinada a Moraes, Renan chamou o ministro da Justiça de “chefete de polícia” e reclamou que ele não tem se portado como um ministro de Estado, mas como um ministro circunstancial de governo. Maia disse nesta terça-feira que o ministro errou ao comentar a atuação da Polícia Legislativa do Senado quando discutiu o mérito da operação.
‘Polícia judiciária’. O discurso dos tucanos desde a ação da PF – avalizado pelo presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG) – é o de que Moraes tem cumprido o seu papel previsto legalmente e não poderia deixar de atender a uma ordem judicial que determinara a ação no Senado. A ordem, entretanto, não é criar polêmicas com os comentários críticos, principalmente vindos de Renan.
“Há um erro de concepção supor que a Polícia Federal agiu sob o comando do ministro. Ela agiu sob a ordem do juiz federal, uma vez que ela é polícia judiciária”, disse o líder do governo no Senado, o tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP), que rebateu as críticas à fala de Moraes no dia da operação de que os policiais legislativos extrapolaram suas funções. “Tenho outra visão do ministro da Justiça. É competente e foi um excelente secretário de Segurança Pública em São Paulo e está cumprindo o seu papel”, completou.
“Nossa solidariedade o ministro teve e continua tendo” reforçou o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC).
Polêmicas. A orientação é manter o apoio a Moraes, sem se envolver em polêmicas públicas para não agravar a crise. Ainda não está prevista, entretanto, uma reunião de desagravo ao ministro como a que ocorreu no gabinete do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), na semana passada, antes da ação da Polícia Federal no Senado.
Moraes já vinha sendo alvo de críticas, entre elas a de ter supostamente antecipado a fase da Lava Jato que prendeu o ex-ministro Antonio Palocci.
Para alguns tucanos, as declarações do presidente do Senado foram entendidas como um pedido velado pela saída do ministro do cargo. Renan nega que queira derrubar Moraes, mas fez críticas ao titular da Justiça em uma sucessão de conversas que têm tido com o presidente Michel Temer desde a ação.
Na Câmara, a ordem dos tucanos é não entrar no embate entre Senado e governo, ou seja, não permitir que o assunto continue “rendendo”. Moraes não é visto como ministro da cota da bancada e, sim, como uma figura ligada ao governador de São Paulo e que tem a confiança pessoal de Temer.
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