Fábio Brandt – Valor Econômico
BRASÍLIA - O líder do Partido da República (PR) na Câmara dos Deputados, Bernardo Santana de Vasconcellos (MG), dará uma entrevista hoje para dizer que a bancada de sua legenda não apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Na sexta-feira, sem revelar o teor no anúncio a ser feito, o deputado havia marcado a entrevista para as 15h30 desta segunda, no gabinete da liderança do PR.
A declaração pública de Vasconcellos será a primeira de uma série de manifestações do PR sobre a eleição aguardadas para esta semana. Até sexta-feira, a executiva nacional do partido também deve se reunir. O presidente nacional da legenda, senador Alfredo Nascimento (AM), tem posição diferente o líder na Câmara e tende a apoiar a reeleição da petista.
Os integrantes do PR que defendem o rompimento com Dilma não têm uma alternativa definida para o que fazer nesta eleição. Parte deles quer levar o partido para a oposição, apoiando Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB) - até agora os principais adversários de Dilma Rousseff. Outra parte quer lançar um candidato próprio ao Palácio do Planalto. Nesse caso, o nome apresentado é o do senador Magno Malta (ES).
Não será a primeira vez, desde a posse de Dilma, que a bancada federal do PR racha com presidente. O partido integrou oficialmente a coligação de apoio à candidatura petista em 2010. Em 2011, após Alfredo Nascimento perder o cargo de ministro dos Transportes na "faxina ética" feita por Dilma, o PR se declarou independente. Poucos meses depois, a bancada de senadores da sigla voltou à base. A bancada de deputados demorou mais para retornar ao barco governista, e, mesmo assim, continuou dando problemas para Planalto.
Bernardo Santana de Vasconcellos foi, neste ano, um dos principais articuladores do "blocão" formado por siglas governistas que se rebelaram contra Dilma na Câmara. Esse bloco era, inicialmente, composto por PMDB, PR, PTB, PDT, PP, Pros, PSC, PSD e SDD. Terminou com PMDB, PR, PTB, PSC e SDD.
O anúncio de Vasconcellos deve ainda reforçar a divisão no PR. Próximo ao ex-presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, Vasconcellos não se entende com o atual presidente, Alfredo Nascimento. O deputado chegou a chamar o senador de "frouxo" em reunião recente, a portas fechadas, por integrantes da bancada federal da com a cúpula partidária.
O PR tem 32 deputados em exercício do mandato, mas comanda um bloco integrando também pelo PTdoB (3 deputados) e pelo PRP (2 deputados). Nos bastidores, os deputados do bloco reclamam, principalmente, do contingenciamento do dinheiro das emendas parlamentares. Essa verba pode ser aplicada em obras nas cidades dos deputados e, por isso, avaliam que a não conclusão das obras atrapalhará suas campanhas.
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