- O Globo
Se é impressionante a incapacidade do tucano Geraldo Alckmin de crescer nas pesquisas de intenção de voto, mesmo tendo quase metade do tempo de TV, o Ibope divulgado ontem sinaliza ao menos que sua contracampanha sobre Jair Bolsonaro (PSL) funciona. Na última semana, a principal novidade da corrida eleitoral foi a retomada das propagandas ácidas do tucano em relação ao capitão reformado, após cerca de dez dias de trégua em razão do atentado de Juiz de Fora.
O tucano usou engenhosamente a proposta de Paulo Guedes de recriar um imposto semelhante à CPMF e alterar o imposto de renda para ter apenas uma alíquota e espalhou na propaganda que Guedes “quer menos imposto para os ricos e mais imposto para os pobres”, completando com o bordão: “Se Bolsonaro for eleito, prepare seu bolso”.
Embora Bolsonaro tenha conseguido manter os 28% de intenção de votos da pesquisa anterior, feita dia 18, sua rejeição subiu quatro pontos, chegando a 46%. Simultaneamente, seus índices nas sondagens de segundo turno caíram em todos os cenários. A pior notícia para o deputado é certamente a perspectiva de derrota para Fernando Haddad (PT). Há duas semanas, Bolsonaro vencia o petista por 40% a 36%. Agora, perde por 43% a 37%.
Haddad, por sua vez, é quem mais tem a comemorar a pesquisa. Embora tenha reduzido seu ritmo de crescimento, segue avançando e já tem 22% de intenções de voto, o dobro de Ciro Gomes (PDT), com 11%. O movimento no primeiro turno associado à perspectiva de vitória sobre Bolsonaro no segundo turno são ótimas notícias para o petista e péssimas para o pedetista.
Ciro Gomes apostava todas suas fichas no discurso de que só ele seria capaz de derrotar Bolsonaro e evitar a ascensão da direita radical. Agora, Haddad e Alckmin também aparecem nas pesquisas à frente do capitão reformado no segundo turno, fora da margem de erro. Apenas Marina Silva está empatada com Bolsonaro numa eventual etapa final, ambos com 39% —semana passada ele derrotava a ex-senadora por 41% a 36%.
A pesquisa é muito ruim também para Marina, que manteve sua trajetória de queda e chegou a 5%, empatando tecnicamente com o pelotão de nanicos: João Amoêdo, com 3%; Álvaro Dias e Henrique Meirelles, com 2%; e Guilherme Boulos, com 1%.
A 13 dias das eleições, é difícil acreditar que um terceiro nome consiga furar a polarização. Mas a esperança de Ciro e Alckmin residirá até o fim no discurso de que eles são, respectivamente, os melhores nomes para impedir a chegada de Bolsonaro ou do PT ao Planalto.
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