Folha de S. Paulo
Há um processo de profunda pazuellização
das instituições para garantir a impunidade de Bolsonaro
Eduardo Pazuello, lembra-se? Ex-general do
Exército na ativa e ex-ministro
porcino da Saúde. Aquele que foi sem nunca ter sido. Já passou
à história do Brasil. O futuro falará dele como símbolo da redução do Estado a
um rebanho de invertebrados a mando de Jair Bolsonaro. Sua imortal frase "Um manda,
outro obedece", dita para 200 milhões de brasileiros, não
ficará apenas como expressão de uma pusilanimidade bovina, mas porque pode ter
contribuído para a devastação de vidas pela Covid, já que avalizava a quebra de
um contrato de compra de vacinas, ordenada por quem o tangia.
Mas é injusto concentrar o empazuellamento em Pazuello. Afinal, ele nunca foi o único pazuello do pedaço, e talvez nem o primeiro. Está em curso um processo de pazuellização em todas as instituições nacionais, com ênfase nas que garantem a imunidade de Bolsonaro e cáfila.
O futuro ministro do Supremo Tribunal
Federal André Mendonça, por exemplo, cuja sabatina no Senado está agora por
dias, será mais um pazuello no STF. Irá somar-se a Kássio Nunes Marques, que
Bolsonaro classificou como "10% dele [Bolsonaro] no Supremo", e a
outros que às vezes se juntam a Kássio em pazuellagens pontuais. Uma delas, a
que trava o julgamento das rachadinhas de Flávio Bolsonaro e permite ao STJ
empazuellar-se de braçada, dando a Flávio sucessivas vitórias. O
empazuellamento final será a extinção desse caso.
E a CPI da Covid temia que, depois de meses
levantando os crimes contra a vida praticados pelo governo durante a epidemia,
tivesse seu relatório posto para dormir pelo procurador-geral da República,
Augusto Aras. Pois não há mais o que temer. O relatório já ronca no berço
esplêndido da empazuellada PGR.
Mas o grande empazuellamento, não por
acaso, é o do Exército. Não importa quão cheios de vento, seus generais foram
reduzidos a pazuellos por Bolsonaro, e isso também entrará para a história.
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