PSDB elegerá Aécio Neves para seu comando em maio, enquanto Rui Falcão é o favorito no PT em novembro
Pedro Venceslau
Os 15 maiores partidos brasileiros definirão até o fim do ano os personagens que estarão no centro do tabuleiro eleitoral de 2014. Seja por meio de convenções, congressos ou eleições diretas, as siglas definirão seus novos presidentes e as respectivas diretorias executivas. Levantamento do BRASIL ECONÔMICO mostra que haverá pouca renovação no cenário. Apenas duas siglas vivem a expectativa concreta de renovação de seus quadros: o PSDB e o PP. Depois de muita negociação com os tucanos paulistas, o senador mineiro Aécio Neves será eleito sem rivais na convenção nacional tucana, que acontece em maio. O processo sucessório já começou. Os delegados que participarão da convenção e terão direito a voto já estão sendo escolhidos nos congressos estaduais das legendas.
Apesar do ritual, a decisão está circunscrita a um pequeno colégio de cardeais que representam as principais máquinas regionais da legenda. “A construção do partido não é feita em restaurantes. O que houve lá foi a escolha de um candidato à presidência”, diz o deputado federal Sergio Guerra, atual presidente nacional do PSDB. Ele se refere ao famoso almoço entre FHC, Serra e Aécio em um restaurante de grife em São Paulo em 2006 que foi flagrado pela imprensa. A refeição tornou-se um símbolo do racha partidário que culminou com a fracassada candidatura presidencial de Geraldo Alckmin. O outro partido que trocará de presidente é o PP, que deve eleger o senador Ciro Nogueira no lugar de Francisco Dorneles. O PT é o único que renova seus dirigentes por meio de eleições diretas desde 2004. “O PED (Processo de Eleição Direta) foi uma inovação para a democracia brasileira. A eleição direta permite que todos os filiados possam votar”, afirma o deputado federal petista Fernando Marroni. “A eleição direta é boa, mas não é isso que caracteriza o ambiente democrático”, pondera Sérgio Guerra, do PSDB. Até o momento , quatro candidatos se apresentaram para a disputa pela presidência do PT: Rui Falcão, que disputa à reeleição, Paulo Teixeira, Valter Pomar e Renato Simões. Apesar da pulverização, a expectativa é que o atual dirigente se mantenha no cargo e continue sendo o principal interlocutor da legenda com Lula e o Palácio do Planalto.
Falcão representa a maior corrente interna do PT, a CNB (Construindo um Novo Brasil). Além disso, ele conta as bênçãos de Dilma e Lula. Deputado federal por São Paulo e ex-líder do PT Câmara, Paulo Teixeira é membro do grupo “Mensagem ao Partido”. Também fazem parte dessa “tendência”, a segunda maior da sigla, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. Já Valter Pomar, que atualmente ocupa o posto de secretário de relações internacionais do PT, é militante da agrupação “Democracia Socialista”. Renato Simões, por sua vez, representa um consórcio de pequenas correntes regionais que se uniu para formar um grupo próprio, a “Militância Socialista”.
Os mais antigos
De todos os grandes caciques partidários que estão hoje em atividade negociando o tabuleiro de 2014, o mais antigo é o deputado federal Roberto Freire. Ele é presidente do PPS desde 1992, quando a sigla desmembrou- se do PCB e foi fundada com esse nome. “No último congresso do PCB, em1990, eu disputei a presidência com o Oscar Niemeyer”, recorda Freire. Em 2013, ele será reconduzido para mais um mandato de dois anos. O exemplo do PCdoB é sui generis. O partido mantém uma rotina interna que mimetiza os maiores partidos comunistas do mundo — China e Cuba. O atual presidente, Renato Rabelo, está no cargo desde 2001. Ele era vice de João Amazonas, que comandou os comunistas desde a redemocratização em 1985 até sua morte. Com idade avançada, Rabelo será reeleito em novembro, mas já deixou claro internamente que não terminará o mandato. Como manda a tradição, ele está consultando pessoalmente um universo de 200 pessoas que representam a linha de frente nacional do PCdoB. A ideia é escolher um vice que será preparado para sucedê-lo. “Não existe um nome natural no Comitê Central, que tem 103 membros”, explica uma fonte comunista.
Principal aliado do PT, o PMDB reelegeu esse ano o vice-presidente da República, Michel Temer, para mais um mandato à frente da sigla. Ele delegou as tarefas do dia a dia para o senador Valdir Raupp, que responde como presidente interino. Temer comanda o PMDB desde 2001. Outro cacique que não permitiu renovações foi Carlos Lupi, do PDT. O ex-ministro do Trabalho, demitido por Dilma, foi reeleito esse ano para a posto máximo do partido, que está sob seu comando desde 2004, quando morreu Leonel Brizola. O caso do PTB é mais delicado. Devido ao tratamento contra um câncer, Roberto Jefferson afastou-se da presidência da legenda. Quem está em seu lugar interinamente é Benito Gama, que é contestado internamente. “De maneira inconveniente ele tem se apresentado como presidente definitivo. Seria desleal deixar o Roberto Jefferson de lado”, alfineta o deputado estadual Campos Machado, presidente do PTB paulista.
Fonte: Brasil Econômico
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