Temor é o de que não haja tempo suficiente para legalizar a sigla com vistas
às eleições de 2014
Gustavo Uribe
SÃO PAULO - Com um capital eleitoral de 20 milhões de votos, conquistados na
eleição presidencial de 2010, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva
pretende deixar para 2013 a discussão sobre a criação de um novo partido, o que
tem causado preocupação entre seus aliados. Em conversas com parlamentares,
ela, que deixou o PV no ano passado, disse que vai aguardar o fim destas
eleições para avaliar melhor a questão. Essa demora tem levado aliados a temer
o risco de a legenda não ser criada a tempo de concorrer em 2014.
Nas últimas semanas, deputados e senadores de PV, PT, PDT, PSOL, PSDB e PPS
procuraram aliados de Marina para ajudar na fundação da sigla. Para concorrer,
o novo partido precisa reunir, no mínimo, 482 mil assinaturas de apoio e ter
seu pedido deferido pela Justiça Eleitoral até outubro de 2013. O PSD, criado
pelo prefeito Gilberto Kassab, levou oito meses para cumprir os requisitos
exigidos pela legislação eleitoral.
No ano passado, uma ala do PPS ofereceu a Marina a estrutura do partido para
lançá-la à sucessão presidencial. Ela tem dito, porém, que só voltará à vida
partidária se for numa sigla nova.
- Ainda não está clara a natureza desse partido e ainda não está clara a
disposição da Marina Silva em criá-lo. Essa discussão vai se colocar depois das
eleições municipais, porque, antes, está todo mundo focado no processo
eleitoral - disse o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ).
Se não for possível criar a tempo uma nova legenda, aliados de Marina
admitem duas alternativas: o Partido Ecológico Nacional (PEN), fundado este
ano, e o Partido do Meio Ambiente (PMA), que já recolhe assinaturas. O
presidente nacional do PMA, Jurandir Silvério, diz que a sigla já reuniu 128
mil assinaturas certificadas e espera conseguir as 354 mil restantes até abril.
O dirigente da futura legenda relata que membros da sigla tem conversado com
aliados de Marina e diz que a estrutura do partido está à disposição, caso ela
queira disputar a sucessão presidencial em 2014.
- Há integrantes do nosso partido que têm conversado com aliados da
ex-ministra e já fizeram o convite. O partido não só teria a Marina Silva como
candidata, como modificaria a estrutura dos nossos diretórios para agregar os
seus aliados. Cederíamos espaços na hierarquia da sigla - disse Silvério.
Há um mês, em encontro com os deputados federais Alessandro Molon (PT-RJ) e
José Antônio Reguffe (PDT-DF), Marina disse que gostaria de contar com os
parlamentares em sua nova empreitada. Na conversa, afirmou que a nova sigla,
que poderia ser lançada em 2013, seria proveniente do movimento suprapartidário
lançado por ela em 2011. Ela já conversou também com a vereadora Heloísa Helena
(PSOL-AL) e o deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP).
Ao GLOBO, Marina afirmou que, neste momento, pretende discutir apenas o seu
movimento suprapartidário e reconheceu que há pessoas, que integram a
iniciativa, defensoras da criação de uma nova legenda.
- É precipitado pensar em fazer um partido político com a lógica puramente
eleitoral. Estou discutindo um movimento suprapartidário. O movimento é
democrático. Uma parte, se quiser fazer o partido, pode fazê-lo, mas não será o
movimento - disse Marina
FONTE: O GLOBO
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