Assunto só ficou fora
da eleição municipal onde o PT não tem candidatos ou eles não são competitivos.
Arma política do PSDB contra o PT em São Paulo, o escândalo do mensalão começa
a dominar a pauta de outras campanhas eleitorais pelo país. Levantamento feito
pelo Estado nas 26 capitais mostra que em pelo menos 13 delas o tema tem sido
abordado. O mensalão só é ignorado em cidades nas quais o partido do
ex-presidente Lula não tem candidato ou o nome do PT não se mostra competitivo,
como Florianópolis, Palmas e Macapá. A participação de Lula em comícios de
aliados também fez o tema emergir na última semana Em Salvador, o líder nas
pesquisas, ACM Neto(DEM) passou a abordar o caso assim como Arthur Virgílio
(PSDB, em Manaus e o tucano Aécio Neves em apoio a Marcio Lacerda (PSB), em
Belo HOrizonte. Em Fortaleza, o candidato Elmano Freitas(PT) virou alvo por ter
contratado como marqueteiro um dos réus do mensalão, o publicitário Duda
Mendonça
Uso do mensalão
como arma eleitoral se espalha por campanhas nas capitais
Série de condenações no Supremo Tribunal Federal atropela expectativa
petista de deixar o tema em segundo plano nas disputas locais
A série de condenações no Supremo Tribunal Federal atropelou os planos do PT
de manter o mensalão distante das eleições municipais. O tema já está presente
em pelo menos metade das disputas das capitais e tende a se alastrar com o
julgamento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu às vésperas do 1.º turno,
em 7 de outubro.
O embate que opõe petistas e aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva aos partidos de oposição capitaneados pelo PSDB já apareceu, na TV ou em
discursos públicos de campanha, em 13 capitais, segundo levantamento realizado
pelo Estado. O mensalão só é ignorado em cidades nas quais o partido de Lula
não tem candidato ou o nome do PT não se mostra competitivo.
A participação de Lula em comícios de aliados também faz o tema emergir.
Apesar de o ex-presidente não ter tocado no assunto nos palanques pelos quais
passou até agora, seus adversários aproveitam a visita do petista para utilizar
o julgamento do Supremo como arma política.
Na semana passada, o mensalão apareceu pela primeira vez na campanha de
Salvador. Líder nas pesquisas, ACM Neto (DEM), um dos principais nomes da
oposição na CPI dos Correios, que investigou os repasses de dinheiro do
valerioduto, passou a explorar o escândalo assim que Lula deixou a capital
baiana.
Em entrevista a uma rádio, o neto de Antonio Carlos Magalhães disse que
"todo mundo sabe" que Nelson Pelegrino é "amigo fraterno"
do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, também réu no mensalão, e de Dirceu.
Com a posterior visita de Lula a Manaus para dar apoio à candidata do PC do
B, Vanessa Grazziotin, o ex-senador Artur Virgílio (PSDB) afirmou que o
ex-presidente deveria estar mais preocupado com o julgamento no Supremo do que
com a eleição.
O mesmo aconteceu em Belo Horizonte. Após comício no fim de agosto em defesa
da candidatura de Patrus Ananias (PT), o senador Aécio Neves (PSDB), que apoia
a reeleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB), aproveitou para usar o julgamento
no Supremo tão logo o ex-presidente passou por lá. "O PT se apropria de
empresas públicas, como está comprovado pelo STF", disse.
Mas é na capital paulista onde os ataques ao candidato do PT, Fernando
Haddad, têm sido mais intensos. As críticas da campanha do tucano José Serra
começaram de maneira indireta, chamando de "bilhete mensaleiro" a
proposta do petista de criar o Bilhete Único Mensal, até culminar em um
depoimento do próprio Serra na TV, no Dia da Independência, no qual o tucano
afirma que o STF estava "mandando para a cadeia um jeito nefasto de fazer
política".
A equipe de Serra escalou também o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
para abordar o tema em uma propaganda em apoio ao candidato. Na mais recente
peça de propaganda, Serra sugere que a eleição de Haddad traria de volta à vida
pública Delúbio e Dirceu. Os petistas tentaram em vão obter um direito de
resposta sob o argumento de que a propaganda era "degradante".
A preocupação do PT e de Lula com a perda de controle sobre o tema mobilizou
o PT, que ao lado de outros partidos da base aliada, decidiu divulgar uma nota
na qual compara o uso do mensalão nas campanhas eleitorais a uma tentativa de
"golpe".
A nota oficial foi articulada pelo próprio ex-presidente, receoso não só com
as consequências eleitorais da investida dos partidos de oposição mas também
com a preservação de seu legado.
Duda Mendonça. O assunto também está na ordem do dia em Fortaleza, Vitória e
Goiânia. Na capital do Ceará, o candidato do PT, Elmano de Freitas, que está
tecnicamente empatado em primeiro lugar com outros dois adversários, virou alvo
por ter contratado como marqueteiro de sua campanha um dos réus do mensalão: o
publicitário Duda Mendonça, acusado de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Em Vitória, a ex-ministra Iriny Lopes (PT) trocou farpas em programas de
rádio com o candidato do PSDB, Luiz Paulo. A propaganda do tucano fez um alerta
para que o eleitor não votasse "em candidata do partido que está envolvido
até o pescoço com mensalão". A petista se defendeu dizendo que quem
discute o mensalão é o Supremo.
Já em Goiânia, imagens de Dirceu e Delúbio foram usadas pela campanha do
candidato Jovair Arantes (PTB) para relacionar o adversário e candidato à
reeleição Paulo Garcia (PT) aos réus do julgamento. Em João Pessoa, Recife e
Porto Alegre o mensalão foi usado em debates pelos candidatos. Campanhas de
Cuiabá, São Luís e Curitiba também exploraram o assunto.
FONTE O ESTADO DE S. PAULO
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