Presidente havia "antecipado" revisão do crescimento do PIB de 2012 para 1,5%
Vera Rosa, Adriana Fernandes
Surpresa com o resultado do PIB do ano passado, a presidente Dílma Rousseff conversou ontem por telefone com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que estava em São Paulo, e cobrou dele explicações para a previsão errada. A estratégia do governo para conter a frustração generalizada será mostrar agora que a "economia real" começou a reagir no fim deste ano, o que levará a uma expansão na casa de 2,5% em 2013.
A revisão do PIB de 0,9% para 1%, em 2012, pôs Dilma numa saia-justa internacional. Na semana passada, em entrevista ao jornal El País, ela havia "antecipado" que o crescimento do ano passado seria revisado para 1,5% - quase o dobro da taxa anterior. "Resolveram reavaliar o PIB. E o PIB do ano passado, que era 0,9%, passou para 1,5%. Nós sabíamos que não era 0,9%, que estava subestimado", disse Dilma ao jornal espanhol.
Erro» A conta errada foi atribuída no Palácio do Planalto à Secretaria de Política Econômica, comandada por Márcio Rol-land. O mal-estar ultrapassou fronteiras porque a informação da presidente ao El País acabou criando uma expectativa no mercado que não se confirmou.
Diante desse quadro, Dilma e o Ministério da Fazenda montaram uma operação de comunicação para evitar novos danos à imagem do governo.
"Ainda temos um trimestre possível chegar a 2,5% de crescimento em 2013", afirmou Mantega, ontem, numa referência à previsão do mercado.
Apesar da preocupação com o baixo crescimento, Dilma e Mantega tentam vender otimismo neste ano pré-eleitoral, na tentativa de mostrar que a administração começa a colher agora os resultados do que foi plantado. Em conversas reservadas, ministros dizem que a população não sabe o que é PIB, mas avalia com lupa o impacto de qualquer medida no seu bolso.
Foi para fazer propaganda dos programas e ações do governo que Dilma dobrou o número de viagens pelo País desde os protestos de junho, ampliou as entrevistas a rádios e entrou com tudo nas redes sociais.
Aliado a essa estratégia, o discurso da "economia real" também contempla boas notícias para a classe média. Ao falar para esse público, Dilma cita a concessão de aeroportos, o leilão do pré-sal de Libra e os investimentos previstos para as rodovias privatizadas.
Mantega também tentou ontem minimizar a polêmica ao afirmar que o Ministério da Fazenda fizera um "ensaio interno" sobre o assunto.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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