O Estado de S. Paulo
As punições partidárias impostas aos
ministros do Turismo, Celso Sabino, e do Esporte, André Fufuca – que decidiram
permanecer no governo Lula –, não significam, até agora, que o Centrão romperá
de vez com o Palácio do Planalto.
Há, sim, uma intenção do grupo de fazer oposição ao governo, de impor cada vez mais derrotas ao Planalto e de construir uma candidatura à Presidência, em 2026. Mas o andar dessa carruagem dependerá do cenário político até lá. Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuar recuperando popularidade, terá potencial para conquistar mais “pedaços” do Centrão, além das fronteiras do Norte e do Nordeste. Se não, o discurso do grupo que dá as cartas no Congresso já está pronto, embora não seja de uma nota só, como se pode verificar no apoio que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tem dado ao governo.
Na prática, tanto a cúpula do União Brasil,
partido de Sabino, como a do PP, sigla de Fufuca, tentam mostrar força após
ficarem desmoralizadas com a decisão dos ministros de não entregar os cargos,
apesar do ultimato dado pelas legendas, ainda em setembro.
Desobedientes, Sabino e Fufuca bateram o pé e
decidiram continuar ao lado de Lula. Não sem motivo: os dois são précandidatos
ao Senado e querem o apoio do presidente – que melhorou sua performance nas
pesquisas de intenção de voto – na disputa de 2026.
Sabino, além de tudo, enfrenta um problema
regional. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também pretende
concorrer ao Senado, no ano que vem, e fez um acordo para que a outra vaga seja
do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Chicão, também do MDB. Até
agora, a chapa tem o aval de Lula, mas ele prometeu apoiar Sabino. O titular do
Turismo conta com a persuasão presidencial para demover Helder do plano de
fazer dobradinha com Chicão.
No Maranhão, Fufuca também não abre mão de
ter Lula no palanque. Padrinho e amigo do ministro, o presidente do PP, Ciro
Nogueira, conduziu, então, uma solução meio-termo: Fufuca foi afastado do
comando da legenda no Estado e da vice-presidência nacional do PP.
Enquanto isso, Lula aproveita o racha no Centrão para atrair fatias do grupo e fustigar os adversários. É fato que o governo corre risco no Congresso, sim, com a ira do Centrão. Mas, enquanto todos os indicados por partidos como o União Brasil e o PP não deixarem os cargos na administração federal, como na Caixa, por exemplo, não dá para dizer que a decisão das cúpulas não é apenas para inglês ver.
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