DILMA VOLTA AO PÓDIO
Villas-Bôas Correa
NO BALANÇO SUMÁRIO DA SEMANA POLÍTICA sem grandes lances, uma frase do presidente Lula, com a ênfase que soou como um brado retumbante em meio a jantar no Palácio de Ondina, ainda ecoa na frustração do PT e escorreu como mel pela garganta da ministra chefe da Casa Civil com a saudação ao entrar no salão:
- Vocês tratem muito bem a minha candidata!
A ministra Dilma Rousseff, reentronizada no pódio, abriu o sorriso no rosto austero e degustou o retorno à virtual oficialização como a candidata do presidente que manda no PT com autoridade para enquadrar os surtos de desobediência e certamente vai curtir por novo período, não se sabe se longo ou fugaz, a prenda mais cobiçada no jogo político.
Ministros e convidados que testemunharam a coroação da ministra comportaram-se com as cautelas da experiência no jogo da política.
E, afinal, há cartas no baralho para todas as combinações do pôquer. E cada qual sonha com a quadra de ases no lance definitivo.
O recado direto de Lula será interpretado de acordo com os interesses e ambições do dono da casa e da parentela que sempre adula o chefe que distribui favores e arranja emprego para todos os paladares na feira-livre das nomeações do governo de generosidade perdulária.
Lula montou a frase, palavra por palavra, com o cuidado do ourives ao polir a jóia com a pedra preciosa incrustada entre brilhantes. E esperou o momento certo para pronunciá-la, em reunião partidária ou nas raras convocações do gabinete de 37 ministros e secretárias que se apertam no salão nobre do Palácio do Planalto em obras, para receber o sucessor, no distante 1° de janeiro de 2011.
Se for mesmo a ministra Dilma a coroada ao fim da caminhada, rosas e cravos enfeitarão o cenário. Mas a sua candidatura reanimada pela injeção de óleo canforado do presidente ajudará a arrumar a casa, pondo ordem na bagunça das ambições do segundo escalão e impondo uma pausa na troca de canelada entre a meia dúzia, talvez chegue ao dobro dos que se consideram no páreo, com todos os direitos da antiguidade na longa folha de serviços ao partido e ao seu proprietário. Respingos de denúncias na enxurrada dos escândalos que parecem não ter fim são como gotas de orvalho que secam aos primeiros raios de sol.
Inútil tentar arrolar nomes que vão e vem como ondas. E é justo que os petistas do primeiro escalão sonhem com a Presidência e, na hora do rateio, aceite conformado qualquer prêmio de consolação, como uma chefia de autarquia ou de gabinete de ministro. Ou de secretário.
Com aliados da penca de siglas as contas estão zeradas. O governo pagou à vista e com a prodigalidade de gerente do cofre da viúva o apoio da sopa de letras que garante a aprovação dos projetos do seu interesse na Câmara, mais dócil, no Senado com surtos de rebeldia.
Derrotas importantes, muito poucas. E quase todas recuperadas no segundo tempo.
A pausa na especulação precipitada sobre a escolha do candidato do governo para a sucessão de Lula foi travada com a pisada firme no freio. E deve fazer bem à mofina campanha para a eleição de prefeitos e vereadores daqui a dois meses, nas urnas do dia 5 de outubro.
Até agora, a campanha mais chinfrim. Parece faz-de-conta entre candidatos, que escondem partidos que lançaram nomes para o vale-tudo.
A maioria dos governadores se omite ou apóia o candidato da sua seleção. Tanto para prefeito como para o angu de caroço da eleição de vereadores. Até porque prefeito reeleito conta com maioria certa na Câmara Municipal.
Se servir de lenitivo para os desprezados, é bem mais pesada a carga de dificuldades da oposição. Lula e o PT estão com a ministra-candidata na escada do trono; a oposição pendurada nos resultados de uma eleição em que suas perspectivas estão longe de justificar o otimismo que espanta fantasmas.
O PT e seus aliados de cabresto receberam na bandeja uma candidata lançada. No puçá do PSDB, do DEM e legendas nanicas, muitos nomes ilustres, nenhum até agora com a marca de candidato natural.
É cedo para enxergar o amanhã. E mesmo o que se vê hoje é melhor esquecer.
Villas-Bôas Correa
NO BALANÇO SUMÁRIO DA SEMANA POLÍTICA sem grandes lances, uma frase do presidente Lula, com a ênfase que soou como um brado retumbante em meio a jantar no Palácio de Ondina, ainda ecoa na frustração do PT e escorreu como mel pela garganta da ministra chefe da Casa Civil com a saudação ao entrar no salão:
- Vocês tratem muito bem a minha candidata!
A ministra Dilma Rousseff, reentronizada no pódio, abriu o sorriso no rosto austero e degustou o retorno à virtual oficialização como a candidata do presidente que manda no PT com autoridade para enquadrar os surtos de desobediência e certamente vai curtir por novo período, não se sabe se longo ou fugaz, a prenda mais cobiçada no jogo político.
Ministros e convidados que testemunharam a coroação da ministra comportaram-se com as cautelas da experiência no jogo da política.
E, afinal, há cartas no baralho para todas as combinações do pôquer. E cada qual sonha com a quadra de ases no lance definitivo.
O recado direto de Lula será interpretado de acordo com os interesses e ambições do dono da casa e da parentela que sempre adula o chefe que distribui favores e arranja emprego para todos os paladares na feira-livre das nomeações do governo de generosidade perdulária.
Lula montou a frase, palavra por palavra, com o cuidado do ourives ao polir a jóia com a pedra preciosa incrustada entre brilhantes. E esperou o momento certo para pronunciá-la, em reunião partidária ou nas raras convocações do gabinete de 37 ministros e secretárias que se apertam no salão nobre do Palácio do Planalto em obras, para receber o sucessor, no distante 1° de janeiro de 2011.
Se for mesmo a ministra Dilma a coroada ao fim da caminhada, rosas e cravos enfeitarão o cenário. Mas a sua candidatura reanimada pela injeção de óleo canforado do presidente ajudará a arrumar a casa, pondo ordem na bagunça das ambições do segundo escalão e impondo uma pausa na troca de canelada entre a meia dúzia, talvez chegue ao dobro dos que se consideram no páreo, com todos os direitos da antiguidade na longa folha de serviços ao partido e ao seu proprietário. Respingos de denúncias na enxurrada dos escândalos que parecem não ter fim são como gotas de orvalho que secam aos primeiros raios de sol.
Inútil tentar arrolar nomes que vão e vem como ondas. E é justo que os petistas do primeiro escalão sonhem com a Presidência e, na hora do rateio, aceite conformado qualquer prêmio de consolação, como uma chefia de autarquia ou de gabinete de ministro. Ou de secretário.
Com aliados da penca de siglas as contas estão zeradas. O governo pagou à vista e com a prodigalidade de gerente do cofre da viúva o apoio da sopa de letras que garante a aprovação dos projetos do seu interesse na Câmara, mais dócil, no Senado com surtos de rebeldia.
Derrotas importantes, muito poucas. E quase todas recuperadas no segundo tempo.
A pausa na especulação precipitada sobre a escolha do candidato do governo para a sucessão de Lula foi travada com a pisada firme no freio. E deve fazer bem à mofina campanha para a eleição de prefeitos e vereadores daqui a dois meses, nas urnas do dia 5 de outubro.
Até agora, a campanha mais chinfrim. Parece faz-de-conta entre candidatos, que escondem partidos que lançaram nomes para o vale-tudo.
A maioria dos governadores se omite ou apóia o candidato da sua seleção. Tanto para prefeito como para o angu de caroço da eleição de vereadores. Até porque prefeito reeleito conta com maioria certa na Câmara Municipal.
Se servir de lenitivo para os desprezados, é bem mais pesada a carga de dificuldades da oposição. Lula e o PT estão com a ministra-candidata na escada do trono; a oposição pendurada nos resultados de uma eleição em que suas perspectivas estão longe de justificar o otimismo que espanta fantasmas.
O PT e seus aliados de cabresto receberam na bandeja uma candidata lançada. No puçá do PSDB, do DEM e legendas nanicas, muitos nomes ilustres, nenhum até agora com a marca de candidato natural.
É cedo para enxergar o amanhã. E mesmo o que se vê hoje é melhor esquecer.
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