Tânia Monteiro, BRASÍLIA
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
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Contradições dão fôlego à polêmica sobre suposto encontro com Dilma
Apesar de o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ter dado por encerrada a polêmica sobre o encontro que a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira diz que teve com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, as contradições sobre o ocorrido e a falta de transparência na divulgação dos dados mostram que a história está longe de conclusão. Nesse suposto encontro, no fim do ano, Lina teria ouvido pedido de Dilma para agilizar o processo de investigação contra o filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
O relatório produzido pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), informando que só há quatro registros de Lina no palácio, de outubro a maio deste ano, não significa que não possa surgir algum novo dado da presença dela no Planalto. Conforme admite o GSI, autoridades podem ingressar no palácio sem que seu nome apareça nos registros.
Desde o início, Dilma e os demais integrantes do governo asseguraram que, nem Erenice Guerra, sua secretária executiva, foi ao gabinete de Lina convocá-la para uma reunião com a ministra, e muito menos esta a recebeu em seu gabinete.
A ministra negou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa de sua candidata à sucessão, alegando que Lina deveria apresentar a agenda como prova do encontro. O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Franklin Martins, declarou que "a ex-secretária mente" e que ele não sabia "a serviço de quem". E há três semanas o governo aguarda uma prova concreta a ser apresentada por Lina, que diz que é a sua palavra contra a da ministra.
PRESSÃO
No vaivém, surgiu até um mal-estar entre a Casa Civil e Secretaria de Comunicação, de um lado, e o GSI, do outro. Depois de vasculharem o que existia de registro na segurança e constatarem que de outubro para cá só existiam dados de quatro visitas de Lina ao Planalto - a primeira delas para uma reunião de PAC, com Miriam Belchior - a Casa Civil e a Secom passaram a pressionar o GSI para apresentar os dados.
Nesse momento, os próprios assessores do presidente, que diziam não poder divulgar dados alegando segurança, passaram a pressionar o GSI a apresentar as planilhas de movimentação de pessoal. Os parlamentares também começaram a exigir a divulgação das fitas e ficaram surpresos quando o Planalto informou que são apagadas a cada 30 dias, conforme estabelecido no contrato. O mesmo contrato estabelece ainda que os dados ficam arquivados por seis meses.
PLANILHAS
Depois de relutar por duas semanas, o GSI decidiu repassá-los ao Congresso para acabar com as dúvidas. Mas surgiram novas contradições. As planilhas que apareceram com Jucá detalham data e hora de entrada e saída no Planalto. Em uma delas, a de 9 de outubro, de acordo com os registros, Lina foi à Casa Civil. Jucá continuou insistindo, no entanto, que não há registro de Lina no Planalto em novembro ou dezembro e, portanto, agora cabe a ela apresentar a prova contrária.
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