Sob Coutinho, braço de investimentos do banco quintuplica de tamanho
Participação é parte de estratégia do BNDES de criar grandes grupos nacionais; boa parte dos recursos vai para fusões
Leila Coimbra
RIO - A BNDESPar, braço de investimentos do BNDES, já investiu R$ 42,6 bilhões na compra de participações societárias em empresas das áreas de petróleo, telefonia, energia, mineração, celulose e até frigoríficos.
Esse foi o volume de recursos investidos em compra de ações durante o mandato do atual presidente do banco, Luciano Coutinho, que comanda a instituição desde abril de 2007.
Entre as empresas em que a subsidiária do BNDES aplicou o dinheiro estão gigantes como Petrobras e Vale, mas boa parte dos recursos foi para processos de fusão, como o que pode ocorrer entre Pão de Açúcar e Carrefour.
Dentro dessa política foram criadas outras grandes "campeãs nacionais", como a Oi (telefonia), o JBS Friboi (carnes) e a Fibria (papel). Por meio do seu braço de participações, o banco se tornou sócio dessas empresas, aportando nelas dezenas de bilhões de reais.
Isso fez com que a BNDESPar aumentasse em quatro vezes o seu tamanho no período. Seu ativo total subiu de R$ 25 bilhões para R$ 125,8 bilhões, dos quais mais de 80% se referem a uma carteira de ações. A conta considera só os aportes diretos no capital das empresas. Não entram os empréstimos concedidos por linhas de financiamento do banco.
A participação direta do BNDES na criação de grandes grupos empresariais brasileiros é uma das principais estratégias traçadas por Coutinho, na qual a BNDESPar tem sido cada vez mais agressiva na política de criação de gigantes nacionais.
Empresas de carnes, como a JBS/Bertin e a Marfrig, obtiveram um total de R$ 6,85 bilhões da BNDESPar por meio de venda de fatia societária ou subscrição de debêntures conversíveis em ações. Esses valores não levam em conta os financiamentos concedidos a elas.
Na Vale, a BNDESPar aportou R$ 3,9 bilhões. Em seguida aparecem Votorantim Celulose e Papel (VCP), que mais tarde viria a se tornar a Fibria, e a Telemar (agora Oi), com R$ 1,8 bilhão e R$ 1,2 bilhão, respectivamente.
PETROBRAS
A capitalização da Petrobras, que consumiu R$ 22 bilhões, fez a participação da petrolífera na carteira de participação da empresa atingir 46,9%. Mas, nesse caso, o BNDES e sua subsidiária foram envolvidos na operação para que o Tesouro pudesse ampliar o esforço fiscal em 2010, e não por razão estratégica de investimento.
Segundo fonte familiarizada com a política do banco, essa atitude agressiva da BNDESPar é lucrativa para o BNDES: a subsidiária responde por 22% dos ativos do banco, mas por 55% do lucro.
A carteira de investimentos da empresa, considerando as participações societárias, debêntures e fundos, apresenta concentração nos setores de petróleo e gás (36,5%), mineração (21,2%), energia elétrica (11,7%), alimentos (9,8%), telecomunicações (4,4%) e papel e celulose (4,3%).
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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