O ministro da
Fazenda, Guido Mantega, deve estar preocupado. Suas últimas previsões de
crescimento passaram longe do alvo. No final de 2010, disse que o país, em
2011, cresceria 5%. Deu 2,7%. No fim daquele ano, afirmou que o crescimento de
2012 seria entre 4% e 5%. Não passará de 2%. Desta vez, Mantega diz que 2013
será acima de 4%, podendo chegar a 5%.
O problema de não
ajustar a mira é que o Orçamento vira uma peça de ficção. As receitas do
governo este ano estão menores do que o projetado. Mas os gastos foram feitos
contando com o dinheiro que não entrou. Enquanto a receita real do Governo
Central (Tesouro, Previdência e Banco Central), descontada a inflação, subiu
1,5% de janeiro a setembro, os gastos reais foram 6,2% maiores.
As contas, então, vão
para o vermelho. O déficit nominal no ano, até setembro, é de 2,6%, o que
significa R$ 85 bilhões no negativo. De janeiro a setembro, a dívida bruta do
Governo Central subiu 4,3 pontos. Chegou a 58,5% do PIB. O superávit primário,
que desconta gastos com juros, ficou menor.
A lista de
desonerações para aquecer a economia é enorme: houve redução de imposto para
compra de carro, de eletrodomésticos, móveis, materiais de construção,
equipamentos industriais, para empresas exportadoras, mudança na forma de
tributação da folha de pagamento. Não adiantou.
Além disso, várias
empresas públicas receberam injeção de recursos. Há poucas semanas, bateu nas
estatísticas a capitalização da Caixa e do Banco do Brasil. O BNDES recebeu
mais R$ 20 bi. Tudo isso é feito em forma de dívida, porque o Tesouro precisa
emitir títulos públicos. Pior, há um gasto implícito não contabilizado no
Orçamento porque os juros são subsidiados a essas empresas.
O medo de que o PIB
fique ainda mais fraco explica os estímulos do Banco Central e da Fazenda,
mesmo que isso signifique inflação acima do centro da meta, crescimento
excessivo do crédito e aumento do endividamento público.
Fonte: O Globo
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