Os três objetivos
originais eram analisar documentos da Polícia Federal e do Ministério Público sobre
os negócios de Cachoeira, investigar as ligações perigosas do então senador
Demóstenes Torres com o esquema e escarafunchar as relações da empreiteira
Delta com autoridades de todos os Poderes e vários Estados.
Mas a CPI não avançou
um pingo no caso Cachoeira; Demóstenes foi cassado à parte, pelo Conselho de
Ética do Senado, e nada foi apurado sobre a Delta, verdadeiro banco de lavagem
de dinheiro público, federal e estadual.
O dinheiro saía do
Dnit (responsável pelas estradas) e de órgãos de diferentes Estados, entrava no
saco sem fundo da Delta e saía para dezenas de empresas-fantasmas. E daí em
diante? Para quais contas e bolsos a dinheirama lavada escorria?
"Aí está o
ouro", grita Pedro Taques (PDT), ex-procurador e atual senador em primeiro
mandato e primeira CPI. Sem rastrear os recursos e saber quem eram os
destinatários finais, a CPI não cumpre seu papel, os culpados se livram, tudo
vira um lamentável pastelão.
Taques e outros
deputados e senadores que se autointitulam independentes tentam um atalho,
enviando um relatório informal e paralelo à Procuradoria-Geral da República.
Isso, porém, só tem um efeito moral e político, mostrando que ainda há quem
leve as coisas a sério no Congresso. Aliás, quem se leve a sério.
Na prática, porém,
não muda o destino -e o vexame- da CPI, que tem um erro de origem: CPIs são
instrumentos da minoria, nunca deveriam ser alvo de acordões nem manipuladas
pelo poder de plantão.
Fonte: Folha de S. Paulo
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