Por Cristiane Bonfanti | Valor Econômico
BRASÍLIA - Em meio à crise política que atingiu diretamente o presidente Michel Temer e colocou em risco a aprovação das reformas, a equipe econômica se mobilizou ontem, em um discurso alinhado, para comemorar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, que cresceu 1% na comparação com o último trimestre de 2016. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse não haver dúvidas de que a recessão acabou. Ele ponderou, porém, que há perspectiva de "acomodação" do crescimento no segundo trimestre.
"É muito raro na economia que todos os trimestres sejam iguais. É normal que sobe muito, depois sobe menos, depois volte a subir mais. Todos os crescimentos são nesse tipo de padrão em qualquer lugar do mundo", disse Meirelles. "É uma perspectiva de acomodação, não de volta da recessão, ninguém está falando isso", disse o ministro, ao ser questionado sobre a possibilidade de o segundo trimestre não trazer um resultado tão positivo.
Meirelles avaliou que a retomada do crescimento não é "uma linha reta". " Ele sobe muito, depois dá uma ajustada, uma acomodada, depois volta a subir e o que esperamos é que, durante o correr do ano, ele continue a crescer e cheguemos ao final do ano com ritmo de crescimento sólido, cerca de 3% de ritmo de crescimento", disse Meirelles.
O ministro manteve a projeção de crescimento da economia de 0,5% no fechamento de 2017, na comparação com 2016. "O 0,5% [de crescimento] é nossa estimativa, que é a média de 2017 contra a média de 2016. Volto a dizer que no ano de 2016 caiu muito. Agora, [para] o final do ano de 2017 sobre o início do ano, a nossa previsão é de 2,7% de crescimento", reiterou o ministro, que acrescentou que, em termos anualizados, o resultado do PIB do primeiro trimestre representa um crescimento de cerca de 4% ao ano.
"Isso significa que o Brasil, de fato, retornou à rota de crescimento e já criou emprego para o mês de abril", disse. "Em resumo, o país está forte, o país está crescendo, o que mostra que estamos na direção cerca, que estamos na direção correta, fazendo as reformas [de] que o Brasil precisa", afirmou.
Mais cedo, Meirelles havia divulgado nota afirmando que, com o resultado do PIB no primeiro trimestre, o Brasil havia saído da "pior recessão do século". "Neste período, milhões de brasileiros perderam seus empregos, milhares de empresas quebraram e o Estado caminhou para a insolvência. O Brasil perdeu a confiança dos investidores e a confiança em si mesmo. O forte crescimento da economia neste início de ano é uma comprovação de que este processo já mudou. Ainda há um caminho a ser percorrido para alcançarmos a plena recuperação econômica, mas estamos na direção correta", disse o ministro, na nota.
O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, também comemorou, em nota, e disse que o resultado do PIB "interrompeu a mais longa recessão da história econômica recente do país". Oliveira ressaltou que "esse resultado reflete um conjunto de ações de política econômica que tem sido implementado nos últimos doze meses e, em particular, o avanço das reformas econômicas no Congresso".
Sobre a sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que, em suas próximas reuniões, reduzirá o ritmo de corte da taxa básica de juros (Selic), Meirelles avaliou que o comunicado do Banco Central está "correto", no sentido de que é "preciso aprovar as reformas". "É muito importante que o país continue a trabalhar, continue a produzir e que as reformas sejam aprovadas. É um recado correto. Em dito isso, é normal que, depois dos juros acima de 14% [ao ano], já se aproximando de 10% [ao ano], que o Banco Central sinalize que vai continuar cortando, mas que pode ser num ritmo menor ou não", disse Meirelles.
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