Lauriberto Pompeu / O Estado de S. Paulo
Governador do RS diz que quer ajudar o partido e que não sairá da sigla se for derrotado nas prévias para 2022
BRASÍLIA – Candidato às prévias que vão
definir o nome do PSDB para
a disputa presidencial, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tem sido cortejado por
várias siglas, mas diz que não vai sair do partido, mesmo se não for o vencedor
da disputa interna. “Quero ajudar o PSDB a voltar a sintonizar os sentimentos
das ruas”, afirmou ele, numa referência ao clima de oposição que ronda o
governo do presidente Jair Bolsonaro.
Além de Leite e João Doria, devem participar da
disputa o senador Tasso Jereissati (CE) e o
ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. “Eu estou muito firme
e decidido a participar, mas não sou obcecado por um projeto pessoal”, disse o
governador gaúcho, que costuma fazer elogios públicos a Tasso.
Os quatro pré-candidatos do PSDB vão mesmo
disputar prévias ou é possível um entendimento?
Eu estou muito firme e decidido a participar, mas não sou obcecado em torno de um projeto pessoal. Eu não estou nessa por um projeto pessoal. Fui provocado por um grupo de deputados que entendiam que eu deveria representar essa discussão e eu estou trabalhando nessa linha. Eu tenho toda disposição de conversar, dialogar. Só que neste momento, não parece haver isso.
O sr. disse que não vai tentar a reeleição
no Rio Grande do Sul. Isso é definitivo? Se não for escolhido nas prévias, será
candidato ao Senado?
Eu olho para essa eleição do ano que vem
como uma oportunidade de contribuir do ponto de vista de liderar um projeto
nacional, pelo que me provocaram alguns parlamentares, e outras pessoas têm
defendido isso. Têm surgido alguns apontamentos importantes e eu estou disposto
a contribuir nesse sentido. Se não se viabilizar essa candidatura, eu pretendo
concluir meu mandato sem outra candidatura no ano que vem.
Fica no PSDB mesmo se não for escolhido
candidato a presidente?
Vou ficar. Estou filiado há 20 anos no
PSDB. É um partido que me reconheço do ponto de vista programático. Quero
ajudar o PSDB a voltar a sintonizar os sentimentos das ruas.
O sr. se reuniu recentemente com o
presidente do MDB, Baleia Rossi, que é aliado de Doria. O que foi discutido?
Não entramos nos assuntos de São Paulo. O
MDB é um parceiro nosso no Rio Grande do Sul, ampliou a participação no nosso
governo, tinha uma secretaria e agora tem duas. A conversa com o presidente do
MDB, Baleia Rossi, foi no sentido dessa parceria política. Temos um bom diálogo
no sentido de tentar construir alternativas, em conjunto, para o próximo ano
também.
Em 2019 o sr. chegou a defender a expulsão
do deputado Aécio Neves do PSDB, mas recentemente conversou com ele, que é adversário
de Doria. O sr. mudou de opinião sobre Aécio?
Eu me resignei com o fato de o partido
sequer ter aberto comissão para discutir a expulsão. Houve de fato ali uma
conduta que merecia discussão, inclusive uma oportunidade para o deputado
apresentar a defesa, suas considerações. Mas nem sequer se discutiu o tema, o
que foi um erro do partido. Agora, ele pediu o nosso encontro. Argumentou que
as prévias devem ser transferidas para o ano que vem, mas eu discordo. Eu disse
a ele que não tem problema a gente conversar com outros partidos, mas
precisamos ter um candidato neste ano.
O governador Doria tem defendido que os
votos de todos os filiados nas prévias tenham o mesmo peso. O senhor, Tasso e
Virgílio pensam diferente. Há chance de haver um consenso sobre isso?
O candidato que vai emergir das prévias não
será um candidato para São Paulo. Será para o Brasil. Sem dúvida é muito
importante que todo filiado possa votar, mas equalizando isso em um modelo que
ajude a traduzir a decisão de uma candidatura que realmente se viabilize para o
Brasil.
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