- Folha de S. Paulo
O 'gabinete da morte' reuniu o que há de
pior na medicina
Desde o começo da pandemia, Bolsonaro fez o
que pôde para que os brasileiros acreditassem na cilada da cloroquina e
continuassem saindo às ruas, como gado a caminho do matadouro. A aposta foi na
imunidade de rebanho. Nada de parar a economia ou planejar a compra de vacinas.
Novas provas desse crime surgiram nos últimos dias em vídeos de conteúdo
estarrecedor.
Para que o intento criminoso fosse
bem-sucedido, seria preciso arregimentar um bando de vigaristas que desse
credibilidade à fraude do "tratamento precoce". É exatamente isso que
o vídeo
publicado pelo site Metrópoles comprova, ao mostrar uma reunião
do tal "gabinete paralelo", que, mais apropriadamente, deveria se
chamar "gabinete da morte".
Na reunião, o virologista Paolo Zanotto fez ressalvas às vacinas, recomendando que Bolsonaro tivesse "cuidado enorme" com elas. Foi dele também a sugestão para que os membros do grupo não fossem expostos à "popularidade". Deveriam agir à "sombra". Nessa ocasião, ofertas de vacinas da Pfizer jaziam sem resposta em computadores da Esplanada.
Em outro vídeo que circula em redes
sociais, Arthur Weintraub, ex-assessor de Bolsonaro, se vangloria de ter
recebido do presidente a missão de formar o gabinete paralelo. Foi assim:
"Magrelo, você que é porra louca ("¦) vai lá e estuda isso daí [ a
pandemia]". Ele conta, ainda, como informava o chefe: "Mando [artigos]
no zap". Outro médico que prestou serviços ao covil do Planalto foi
Luciano Azevedo, que, segundo Weintraub, tem uma "networking" da
hidroxicloroquina, conforme vídeo divulgado nesta Folha.
Arthur Weintraub é um tipo tão reles quanto
o irmão mais famoso, Abraham, ex-ministro da Educação. Delirante, disse em rede
social que não gosta de usar máscara porque é um "broche do partido
comunista". O "gabinete da morte" reuniu o que há de pior na
medicina para conspirar contra o povo brasileiro. Sua atuação configura
formação de quadrilha e permite caracterizar com clareza o comando desse
genocídio.
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