O Estado de S. Paulo
Flávio livra Tarcísio da armadilha de Lula,
que o trata como ‘candidato de Bolsonaro’
Ao retirar a Lei Magnitsky de Alexandre de Moraes e sua mulher, Viviane, Donald Trump decretou o isolamento de Jair Bolsonaro, encerrou a carreira de traidor da Pátria do 03, Eduardo, e deixou a candidatura (ou “candidatura”) do 01, Flávio, à Presidência ainda mais desamparada. Lula agradeceu a Trump, mas quem faz a festa é o Centrão. Por ora.
Gilberto Kassab, do PSD, sigla do Centrão que tem mais municípios no País, deu a deixa. Na véspera do recuo do presidente americano, Kassab desejou um protocolar “boa sorte” a Flávio e declarou apoio a Tarcísio de Freitas (SP), com o cuidado de citar os também governadores Ratinho Jr. (PR) e Eduardo Leite (RS) como planos B e C.
O “boa sorte” de Kassab para Flávio soa como
cada um na sua, Centrão cá, Bolsonaros lá, assim como Flávio dizer que não vão
conseguir fazer “intriga” entre ele e Tarcísio confirma um fato real: neste
momento, os dois são adversários. Com um detalhe: é tão difícil acreditar que
Flávio seja candidato para valer quanto que Tarcísio não seja.
Em uma semana de “campanha”, Flávio pôde
constatar, com os próprios olhos e ouvidos, que líderes do mundo financeiro e
presidentes de siglas do Centrão não estão nem um pouco animados com sua
candidatura e, sim, com a de Tarcísio. Kassab apenas deu publicidade ao que
Bolsa, câmbio e Congresso já gritavam.
O lançamento de Flávio e as “intrigas” entre
os dois favorecem Tarcísio e sua posição na corrida presidencial, porque o
protegem contra a grande armadilha de Lula para ele: transformá-lo no candidato
e herdeiro da alta rejeição de Bolsonaro.
Lula empurra Tarcísio para Bolsonaro, mas, se
o candidato de Bolsonaro é Flávio, Tarcísio é apenas candidato aos votos ditos
bolsonaristas, assim como aos votos órfãos do centro e aos do Centrão, ou
direitão, que já manda e desmanda no Congresso e concluiu que chegou a hora de
assumir o Planalto – ou o País, com todo o perigo que isso traz.
Tudo somado, tem-se que a direita está
dividida e Tarcísio, o nome mais forte tanto contra os Bolsonaros quanto contra
Lula, está naquela: “Se ficar, o bicho come; se correr, o bicho pega”. Grudar
em Bolsonaro é herdar sua rejeição, hoje pior do que em 2022, mas assumirse
candidato do Centrão, das emendas, do “toma-lá-dá-cá” e desse Congresso?
O antilulismo elegeu Bolsonaro em 2018, mas
pode não ser suficiente para empurrar para o Planalto um adversário que não tem
o carimbo de antissistema e balança entre Bolsonaro e Centrão. O nó da direita
não é só quem será o candidato e como superar o racha interno, mas que
estratégia formatar para vencer o favorito Lula.

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