É senso comum que a educação básica no Brasil vai de mal a pior. O desempenho de nossos alunos em exames internacionais como o PISA é vergonhoso. Os salários dos professores são indignos e mesmo o piso nacional não é pago por todos os governadores como, por exemplo, pelo ex-ministro da educação Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, que recentemente afirmou que não tinha como arcar com esse custo.
No entanto, pelo menos no ensino superior a educação pública era sinônimo de qualidade. Era. O governo Lula e seu ministro da educação Haddad conseguiram a proeza de sucatear o ensino superior público federal ao criar novas instituições e expandir as existentes de forma descontrolada. É isso, principalmente, o que nos conta a greve de 80% das universidades federais.
Os professores querem aumento salarial e reestruturação da carreira, com razão. Um professor titular com doutorado, recebe por 40h R$ 5.691,30, menos que um técnico com 3 anos de carreira do Banco Central,que precisa ter somente ensino médio. Não há justificativa para essa discrepância.
Mas a greve não é somente por melhores salários. Os docentes estão lutando por melhores condições de trabalho. Há universidades sem sede funcionando em escolas municipais de ensino básico, como a Unifesp de Guarulhos. Há universidades com esgoto a céu aberto e sem transporte, com a Rural de Pernambuco em Garanhuns. Há prédios inacabados, sem alvará de funcionamento, recebendo alunos para aulas, como na expansão da UFF. Com essas condições, é fácil de entender a evasão recorde de 42% dos alunos da Universidade Federal do ABC.
Os alunos têm aderido à greve em apoio aos professores. A UNE não se manifesta, já que recebe grandes verbas federais. Foi comprada pelo governo. A juventude do PCdoB, que a comanda, posta-se de coveira de uma instituição que não representa mais os anseios dos estudantes. Surge, em seu vácuo, a Assembleia Nacional dos Estudantes-Livre (Anel), para comandar os protestos.
O ministro Mercadante, que parece fazer uma gestão de continuidade piorada de Haddad, recusa-se a lidar com a realidade das federais. Certamente elas seriam reprovadas pela supervisão do MEC se fossem adotados os mesmos critérios que são exigidos das universidades privadas. O ministro precisa negociar com os professores a recomposição salarial e garantir qualidade do ensino com universidades reais e não somente instituições de papel que só servem para a ilustrar a propaganda oficial.
O PPS reitera seu forte compromisso com a educação pública de qualidade e se solidariza com os professores por sua luta por melhores salários e com os estudantes por suas reivindicação por melhores condições de estudo.
FONTE: PORTAL DO PPS
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