As
platitudes habituais que permeiam os comentários pós-eleitorais devem ser
substituídas pela exata leitura do que o eleitor transmitiu aos políticos nas
recentes eleições. O desencanto do eleitor foi estampado no pleito municipal
pela quantidade exorbitante de votos brancos e nulos, especialmente em duas
grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro. Não presenciei uma festa
cívica exuberante. A exteriorização desse desencanto vem na esteira dos
escândalos de corrupção que se sucedem, como consequência de um modelo
promíscuo que está sendo condenado pelo STF e que precisa ser banido do país.
A eleição
foi a fotografia da falência partidária. Os partidos não mais existem,
desapareceram programaticamente e traduzem um simulacro. O que vimos são siglas
existentes apenas para registros de candidaturas, muitas vezes comandadas de
cima para baixo, com imposições descabidas que ofendem a militância partidária.
Um festival de incoerência, de contradição, de alianças estapafúrdias que se
apresentaram diante do eleitor como mecanismo de força para impor candidaturas,
sobretudo com o objetivo de ampliar o tempo no rádio e na televisão para a
propaganda eleitoral.
Não há
proposta, não há programa, não há projeto. O que há é o interesse imediato de
se organizar uma estrutura capaz de vencer eleições, e o eleitor fica aturdido
diante desse cenário de contradições e incoerências, sustentando, sobretudo, um
modelo perverso de promiscuidade que se instalou em Brasília e que foi
transportado para estados e municípios.
A cooptação
de partidos e políticos é deflagrada na busca de um governo de ‘maioria’ e cuja
oposição é reduzida numericamente. O modelo é adotado a pretexto de se garantir
governabilidade. É preciso ruir a máxima de rimar governabilidade com
promiscuidade.
Senador, líder do PSDB
Fonte:
O Dia /RJ
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