domingo, 14 de outubro de 2012

Desencanto e incoerência - Alvaro Dias


As platitudes habituais que permeiam os comentários pós-eleitorais devem ser substituídas pela exata leitura do que o eleitor transmitiu aos políticos nas recentes eleições. O desencanto do eleitor foi estampado no pleito municipal pela quantidade exorbitante de votos brancos e nulos, especialmente em duas grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro. Não presenciei uma festa cívica exuberante. A exteriorização desse desencanto vem na esteira dos escândalos de corrupção que se sucedem, como consequência de um modelo promíscuo que está sendo condenado pelo STF e que precisa ser banido do país.

A eleição foi a fotografia da falência partidária. Os partidos não mais existem, desapareceram programaticamente e traduzem um simulacro. O que vimos são siglas existentes apenas para registros de candidaturas, muitas vezes comandadas de cima para baixo, com imposições descabidas que ofendem a militância partidária. Um festival de incoerência, de contradição, de alianças estapafúrdias que se apresentaram diante do eleitor como mecanismo de força para impor candidaturas, sobretudo com o objetivo de ampliar o tempo no rádio e na televisão para a propaganda eleitoral.

Não há proposta, não há programa, não há projeto. O que há é o interesse imediato de se organizar uma estrutura capaz de vencer eleições, e o eleitor fica aturdido diante desse cenário de contradições e incoerências, sustentando, sobretudo, um modelo perverso de promiscuidade que se instalou em Brasília e que foi transportado para estados e municípios.

A cooptação de partidos e políticos é deflagrada na busca de um governo de ‘maioria’ e cuja oposição é reduzida numericamente. O modelo é adotado a pretexto de se garantir governabilidade. É preciso ruir a máxima de rimar governabilidade com promiscuidade.

Senador, líder do PSDB

Fonte: O Dia /RJ

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