Gazzaneo trabalhou em 'O Globo' e no 'JB' e chefiou
assessoria do IBGE.
Parentes
e amigos do jornalista Luiz Mario Gazzaneo se reuniram na manhã deste sábado
(13) no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária do Rio, para se
despedir do profissional que passou pelas mais importantes redações, como
mostrou o RJTV.
Gazzaneo
morreu aos 84 anos, na manhã da sexta-feira (12), no Instituto Nacional de
Cardiologia, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. Ele estava internado desde a
madrugada de segunda-feira (8), quando sofreu um infarto. Ele chegou a passar
por duas cirurgias. O corpo será cremado na tarde deste sábado, segundo a
família.
No
velório, a presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Wasmália Bivar, muito emocionada, destacou o trabalho do jornalista para tornar
as pesquisas palatáveis para o público em geral.
"Somos
muito gratos a ele. Gazzaneo, que trabalhou no IBGE de 2000 a 2010 já estava
nos fazendo muita falta. A gente brigava muito, mas no campo das ideias, coisas
de trabalho. Ele sempre queria o melhor. Era sempre um grande prazer falar com
ele sobre o IBGE, sobra a imprensa e sobre o Brasil. Ele tinha uma história
muito rica e passava isso para a gente", disse Wasmália, com os olhos
cheios de lágrimas.
O
presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, lembrou
o companheiro inteligente, fraterno e solidário. Ele recordou os tempos de
convivência no jornal "Folha Semana", de oposição ao regime militar.
"Ele
era um profissional muito inteligente e uma pessoa muito fraterna. Respondemos
juntos num inquérito aberto pela Marinha para apurar as informações que
publicávamos no jornal. Era um momento muito difícil para quem não seguia a
orientação do governo. Ele foi companheiro o tempo todo", contou Azêdo.
A filha
mais velha, Ana Maria Gazzaneo, contou que o pai era um homem que amava acima
de tudo a vida. Carinhoso, foi bom pai e excelente avô, que adorava trabalhar e
se divertir.
"Era
um sedutor, paquerador, mas era um homem de família. Para ele, a verdade era a
coisa mais importante do mundo. Sempre nos incentivou a buscá-la. Sobre política,
ele dizia que ela não precisa ser necessariamente uma coisa ruim, mas que podia
ser boa e devia ser boa", disse a primogênita.
A médica
sanitarista Lúcia Souto lembrou do período entre 1991 e 1998, quando ela foi
deputada estadual pelo PCB e teve Gazzaneo como seu assessor de imprensa.
"Ele
era libertário, guerreiro, instigador, jovial, um radical democrata. Vai fazer
muita falta para os amigos e na política. Fica um vazio e uma saudade muito
grande. Nos oito anos de convivência durante o meus mandatos aprendi muito com
ele. Gazzaneo é uma figura histórica na luta política deste país e me ajudou e
me ensinou muita coisa", disse Lúcia Souto.
O
ex-presidente do IBGE Sérgio Besserman enfatizou a pessoa doce e apaixonada
pela vida e pelo Palmeiras que foi Gazzaneo. Destacou o trabalho relevante que
ele fez na divulgação do trabalho do IBGE, mas disse que acima de tudo sentirá
falta do amigo.
"Ninguém
é insubstituível no trabalho, na vida. Mas ninguém vai substituí-lo como
espírito humano. Ele sempre estará presente entre nós com sua doçura e sua
luta", concluiu Besserman.
Alagoano
criado em São Paulo
Gazzaneo nasceu em Maceió, Alagoas, e era filho de uma família italiana
radicada em São Paulo. Muito jovem, ligou-se ao Partido Comunista Brasileiro
(PCB) em 1944, em plena ditadura do Estado Novo. No ano seguinte, ele integrou
o grupo que organizou o Comício do Pacaembu, quando Luiz Carlos Prestes foi
apresentado aos paulistas, após cumprir nove anos de prisão.
Graduado
em cinema na Escola de Cinema do Museu de Artes de São Paulo, começou no
jornalismo no jornal “Notícias de Hoje” do Partido Comunista, em São Paulo,
como crítico de cinema. Em 1959, veio para o Rio e assumiu a chefia da redação
do jornal “Novos Rumos” (do PC até o dia 1º de abril de 1964, quando o jornal
foi invadido e destruído).
Depois de
seis anos na clandestinidade, voltou ao jornalismo em 1971, e foi trabalhar com
Samuel Wainer na revista “Domingo Ilustrado”, da Bloch. Passou pelas revistas
“Fatos e Fotos” e “Cartaz”. Em 1973, ingressou no “Jornal do Brasil” como
redator da Editoria Internacional. No JB foi ainda chefe de reportagem, editor
de Cidade e editor executivo. Em 1983, saiu do JB para a agência de notícias do
jornal "O Globo" e ficou na editoria Nacional do jornal até dezembro
de 1987.
Trabalhou
também como diretor da agência de notícias Nova Press, especializada em
notícias do Leste Europeu. Em 1991, deixou a agência para atuar em campanhas
eleitorais. De 2000 a 2010, trabalhou no Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) como Coordenador de Comunicação Social.
Há pouco
mais de um mês, em 4 de setembro, Gazzaneo deu uma entrevista em sua casa aos
jornalistas Silvia Maia Fonseca e Antonio Carlos Medeiros, falando sobre
passagem pelo IBGE, quando já estava pensando em se aposentar.
Ele
trabalhou com o então presidente Sergio Besserman, que pessoalmente lhe
telefonou para convidá-lo a reestruturar a assessoria de imprensa do instituto,
conforme ele próprio conta no vídeo postado no YouTube. Ele continuou no instituto sob a
presidência de Eduardo Pereira Nunes.
Fonte: G1 Rio
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