Preparando mais uma paralisação geral no dia 30, pulverização do movimento sindical diminui seu poder e sindicatos são utilizados como trampolim político. Sindicalista vê relação como PT ruim para os trabalhadores
André Pires
Pela segunda vez desde que a população brasileira decidiu se mobilizar nas ruas por um país melhor, as centrais sindicais preparam uma paralisação geral para defender uma pauta trabalhista. Depois da pequena repercussão do ato do dia 11 de julho, os sindicalistas querem provocar um impacto maior na sexta-feira, dia 30, com o Dia Nacional de Mobilização e Luta. No entanto, mais uma vez a adesão parece longe do esperado pelos dirigentes. A crise de representatividade pelas instituições sindicais é cada vez mais evidente.
Entre os próprios líderes há divergências de ideias e uma aliança considerada perigosa com partidos políticos. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), há 12 centrais sindicais com registro efetivo, reunindo 7.643 sindicatos filiados. No fim de 2012, mais de 15 mil sindicatos tinham seu registro ativo junto ao MTE. Ou seja, muitos não tem relação com alguma central. Apesar dessa pulverização, o controle fica nas mãos de poucos: a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical representam 51% dos sindicatos. “Acredito que seria melhor ter uma central só para reunir as pautas trabalhistas, mas a vida não é como a gente quer.
Para superar isso criamos os fóruns das centrais, que buscam uma unidade para grandes atos, como no próximo dia 30”, comenta Wagner Gomes, líder da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Dois grandes problemas atingem o movimento sindical, a relação íntima das centrais com partidos políticos, como sempre existiu na história dessas entidades no Brasil, e a criação de sindicatos “fachadas” para abocanhar as verbas sindicais dadas pelo governo.
A primeira crise é evidenciada em todos os encontros das centrais. A CUT, que conta com os líderes ligados ao PT, procura sempre amenizar as críticas ao governo federal, o que irrita as outras centrais, algumas delas ligadas a partidos de extrema esquerda. “O governo do PT levou algumas centrais a deixar de representar os trabalhadores. Elas são muito ligadas ao governo e dependem do financiamento do estado.
Com isso, não colocam o real peso que a reivindicação deveria ter. A central precisa escolher um lado”, critica Zé Maria, presidente da CSP/ Conlutas, que é ligada ao PSTU. A criação de sindicatos tem sido combatida pelo governo com mais normas restritivas. No entanto, os sindicatos continuam sendo um trampolim político para os dirigentes.
Candidaturas de líderes sindicais ganham força a cada eleição. “Eles conseguem a representatividade política pagando uma campanha caríssima. Eles não representam os trabalhadores, mas possuem um poder econômico decisivo para a eleição com a verba sindical”, enfatiza Paulo Baía, cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Pulverização de centrais
CUT-Central Única dos Trabalhadores: É a maior central sindical e reúne 2.247 sindicatos. O atual presidente é Vagner Freitas. Tem uma relação histórica com o PT e procura amenizar as críticas ao governo Dilma Rousseff.
Força Sindical: Presidida pelo deputado federal Paulo Pereira, a Força Sindical tem uma relação próxima com o PDT, mas recebe o assédio de vários partidos, como o PSB. Reúne 1.676 sindicatos.
NCST-Nova Central Sindical de Trabalhadores: Com 1.078 sindicatos filiados, representa apenas 8,1% dos trabalhadores. É considerada uma central ligada ao poder, apoiando sempre o governo.
UGT- União Geral dos Trabalhadores: Os líderes estão todos ligados ao PSD e o presidente Ricardo Patah prepara sua candidatura.
CTB-Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil: Com 678 sindicatos, não esconde sua relação com o PCdoB, que tem banner em seu site.
CSP/Conlutas: Cresce com o discurso de ser o oposto da CUT e é liderada pelo PSTU, que participou das manifestações.
CGTB-Central Geral dos Trabalhadores do Brasil: Vive uma crise interna de briga entre os dirigentes. Ligada ao PMDB, reúne apenas 282 sindicatos pelo Brasil.
Fonte: Brasil Econômico
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